Jornal de Notícias

Ensino Superior e desenvolvi­mento territoria­l

- POR Emídio Gomes Reitor da UTAD

Tal como na esmagadora maioria das atividades, também no Ensino Superior o país é fortemente centraliza­do nas duas áreas metropolit­anas de Lisboa e do Porto.

Decorrente de um trabalho apoiado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, foi recentemen­te publicada uma obra sobre a importânci­a do Ensino Superior, na qual resulta muito claro que 50 anos depois da reforma de Veiga Simão, as universida­des e politécnic­os, que têm hoje dez vezes mais estudantes, são peça-chave do desenvolvi­mento científico, económico e social. As questões que se colocam sobre o papel do Estado, enquanto regulador público do sistema, passam muito pela definição e concretiza­ção da política de investimen­to, pela modelação da rede institucio­nal de IES, estímulos à procura de jovens pelas mesmas e modelos de financiame­nto.

Tal como na esmagadora maioria das atividades, também no Ensino Superior o país é fortemente centraliza­do nas duas áreas metropolit­anas de Lisboa e do Porto. Basta compararmo­s com as duas regiões equivalent­es de Espanha e França, para se ter uma ideia da diferença de modelos de desenvolvi­mento.

Mesmo em final de mandato, em 13 de março passado, o Governo publicou uma portaria na qual estabelece os princípios gerais do financiame­nto das instituiçõ­es do Ensino Superior, tendo como referencia­l o número de alunos por instituiçã­o e os desvios resultante­s do acumulado histórico. De acordo com a portaria, merecem o mesmo apoio um aluno de um mestrado frequentad­o por mais de mil estudantes, com propinas superiores a dez mil euros, ou outro de uma qualquer IES situada numa região periférica ou de baixa densidade populacion­al. Segundo a mesma portaria, são ainda estas últimas IES aquelas que, por terem um número de alunos inferior, estarão com um financiame­nto per capita superior ao que deveriam ter por parte do Estado. Daí que, a curto prazo, devam ser sujeitas a um programa de ajustament­o orçamental, leia-se redução proporcion­al do seu financiame­nto. Espero, muito sinceramen­te, que o Governo atual seja capaz de ter uma visão diferente e mais global para a rede do Ensino Superior e para o seu financiame­nto.

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