Pearl Jam têm novo disco: o grunge está vivo (e recomenda-se)
“Dark matter” condensa o passado da banda e aponta o futuro. Um disco novo e antigo, para ouvir ao vivo em julho
Como é que uma banda sobreviveu, evoluiu e permaneceu relevante quando quase todas as outras da sua geração, colheita e sonoridade foram ficando pelo caminho? “Dark matter”, o novo álbum dos Pearl Jam, hoje editado, é um pouco a resposta a esta pergunta – mais até do que os seus predecessores. Um disco com tanto de novo como de antigo – e para descobrir ao vivo a 13 de julho, em Lisboa, no festival Nos Alive.
Grunge ou não – já nos anos 90 muitas das bandas deste terramoto sonoro que foi a música de Seattle rejeitavam a categorização, mas a verdade é que ela existiu, e neste disco inevitavelmente renasce –, não há muitos grupos que se possam gabar de ter o interesse, mediático e popular, que os Pearl Jam continuam a despertar 30 anos depois.
Os concertos ainda esgotam em todo o Mundo: por cá, a data no Alive, com espaço para 50 mil pessoas, lotou em poucos minutos.
Dias antes de o disco sair, já havia dezenas de notícias, grupos de debate em plataformas como o Reddit, ou em fóruns de fãs, a discutir singles e impressões. E há os vídeos: as músicas colocadas no YouTube, com imagens vagas, acumulam incontáveis comentários e visualizações, com o single-título a passar já 1,4 milhões de visitas.
COM UM NOVO FULGOR
O que se passa, então? Passa-se aquele toque que por vezes se cria quando Eddie Vedder, Jeff Ament, Stone Gossard, Mike McCready e depois Matt Cameron se juntam, desde que o grupo que já vendeu 70 milhões de álbuns construiu um dos discos mais importantes da história, “Ten” ( 1991).
Esse toque parece estar de volta em “Dark matter”, 12.0 álbum e primeiro desde o mais olvidável “Gigaton”, de 2020. O novo trabalho tem produção de Andrew Watt, fã confesso da banda que diz ser este “um sonho”, e talvez por isso capte mais a essência dos “antigos” Pearl Jam, que também
decidiram gravar juntos em estúdio na busca dessa essência.
Dedicado à suposta matéria que não podemos ver, mas que une o universo, o tema-título será um dos responsáveis pelo “hype” que se voltou a criar. É justificado: com uma entrada na bateria a lembrar Soundgarden (ou não surgisse de Matt Cameron), tudo nele soa a Pearl Jam “vintage”. Mas há mais saliências num trabalho que consegue abarcar tudo o que a banda já fez e ainda soar a novo: da clássica balada “Wreckage” ao elétrico “Running” ou “Waiting for Stevie”, sobre o poder da música ao vivo.
Eddie Vedder disse que “Dark matter” é o melhor trabalho do grupo. Pela Internet, os fãs chamam-lhe lufada de ar fresco e lembram: foi há 32 anos que os vimos no MTV Unplugged, Eddie a cair da cadeira, toda aquela crueza e honestidade que sempre os caracterizou e tanto lhes granjeou elogios como ferroadas. E aqui estão, em 2024, a memorar e a rescrever a história do grunge.