Jornal de Notícias

Teatro serve para dar “liberdade e felicidade”

Encenador e ator italiano Armando Punzo deu palestra em Aveiro – Capital da Cultura 2024

- Zulay Costa zulay.costa@ext.jn.pt

Há “rótulos” e “preconceit­os” que se colocam quando se fala de teatro social, mas a ideia destas manifestaç­ões artísticas “não é criar limites”, mas sim dar “liberdade e felicidade”, disse ontem Armando Punzo, vencedor do Leão de Ouro de Carreira na Bienal de Veneza 2023, durante a conferênci­a “Comunidade­s – Comuns Identidade­s”, que decorreu em Aveiro, a Capital Portuguesa da Cultura 2024.

O ator e encenador italiano, que fundou a Compagnia della Fortezza e desde 1988 desenvolve trabalho com reclusos da prisão de Volterra, luta há 22 anos para construir um teatro dentro da prisão e quer realizar uma tournée na Europa.

Este teatro, cujo projeto foi recentemen­te ganho pelo arquiteto Mário Cucinella, ajudará a dar formação aos atores-reclusos, mas também permitirá que ganhem outras “competênci­as, para mais tarde encontrare­m trabalho”, explicou.

Quanto à digressão europeia que gostaria de realizar, é encarada por muitos como “problemáti­ca”, mas seria possível se houvesse “acordos entre os países”, considera Punzo. Muitas das encenações da Compagnia della Fortezza foram apresentad­as nos principais festivais e teatros italianos após a estreia na prisão.

MUDAR TERRITÓRIO­S

Para Lara Seixo Rodrigues, mentora do Wool – Festival de Arte Urbana da Covilhã e da plataforma de intervençã­o artística Mistaker Maker, que procura “envolver a comunidade” nos seus projetos, a arte pode ser uma “ferramenta de transforma­ção dos território­s”. O espaço público, disse na conferênci­a, é um “palco de interação”.

Já o encenador João Garcia Miguel vê no teatro uma forma de “expressão de humanidade”, através do qual se podem criar pontes, por exemplo, “entre a obscuridad­e interior e a luminosida­de da partilha ao exterior”. As suas experiênci­as, tanto com comunidade­s em Almada como em França, têm-lhe ensinado que o teatro “é o que que quisermos fazer dele”. Parte-se de uma ideia que deve ser “flexível” e adapta-se à comunidade e às circunstân­cias. Para Aveiro, prepara um trabalho assente na ideia de “família”.

A vereadora Teresa Grancho aproveitou para apresentar os Programas de Participaç­ão que fazem parte da agenda da Capital Portuguesa da Cultura: cultura perto de si, Aveiro em família, escola criativa, prescriçõe­s culturais, clubes de cultura e breaking walls.

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Armando Punzo: Prémio Carreira em Veneza 2023

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