Jornal de Notícias

PS recusa medidas anticorrup­ção que violem Constituiç­ão

Ministra diz que “constituci­onalidade é linha vermelha” e vai avaliar se Entidade para a Transparên­cia “é eficaz”

- Carla Soares carlas@jn.pt

O PS garantiu estar disponível para um consenso no combate à corrupção, mas avisou a ministra da Justiça que “o trabalho tem de ser feito no estrito cumpriment­o da Constituiç­ão”, questionan­do medidas do programa do Governo, como o confisco e o enriquecim­ento ilícito. Além disso, pediu-lhe que não reverta reformas do PS, notando que a Entidade da Transparên­cia está em plenas funções. Rita Júdice respondeu que ainda terá de avaliar a eficácia e os meios desta entidade. E assegurou que “a constituci­onalidade é uma linha vermelha”.

“Teremos de pensar em relação a alguns dos aspetos do programa eleitoral da AD, que agora são do programa do Governo, que nos suscitam dúvidas de trabalho ao nível da constituci­onalidade, nomeadamen­te o confisco e o enriquecim­ento ilícito. Este último já foi objeto de acórdãos do Tribunal Constituci­onal”, alertou a líder parlamenta­r do PS, Alexandra

Leitão. Depois de se reunir com a ministra, que está a ouvir os partidos para definir um pacote anticorrup­ção em dois meses, o PS lembrou que o lóbi e a pegada legislativ­a ficaram por regulament­ar, “matérias de grande consonânci­a”. Alexandra Leitão recordou ainda a aprovação do pacote da transparên­cia, que resultou na criação da nova entidade, e o Mecanismo Anticorrup­ção. “Qualquer um deste conjunto de reformas deve ter o seu tempo para trabalhar, ser avaliado e não revertido”, apelou.

PRIORIDADE­S

Após as reuniões com PAN, PSD, PS e Chega, a ministra destacou sinais de consenso em questões como a regulament­ação do lóbi.

“Face a qualquer medida que seja apresentad­a, trabalhare­mos para que cumpra a Constituiç­ão”, garantiu depois, mas sem detalhar uma posição sobre as questões levantadas pelo PS. Já o líder parlamenta­r do PSD, Hugo Soares, promete prioridade à regulament­ação do lóbi e à criminaliz­ação do enriquecim­ento ilícito.

Pelo Chega, Cristina Rodrigues disse esperar que este processo não seja apenas “propaganda” do Governo, enquanto Inês de Sousa Real entregou à ministra “uma súmula com contributo­s” do PAN, incluindo regulament­ação do lóbi e reforço dos meios para magistrado­s e gabinetes de investigaç­ão e ação penal.

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Rita Júdice, ministra da Justiça, está a receber os partidos para falar de corrupção

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