MP pede prisão para benfiquistas suspeitos de violação
Procuradora defende que julgamento provou que oito arguidos sodomizaram com pau adepto do mesmo clube
O Ministério Público (MP) pediu ontem ao Tribunal de Lisboa que condene a prisão efetiva oito adeptos do Benfica acusados de violar um jovem de 16 anos depois de um jogo.
“Isto não foi um desvario de juventude dos arguidos, a maior parte sem antecedentes criminais e inseridos na sociedade. Foi o exercício de poder de alguns indivíduos que, cobardemente, agem em grupo (...) e abordam outros para lhes dar uma lição por razões que não se alcançam”, criticou a procuradora do MP, em alegações finais.
O tribunal julga 13 “casuals”, adeptos violentos ligados à claque encarnada No Name Boys, dez deles por violação de um adolescente também benfiquista. Este terá sido sodomizado, com um pau, por ter partilhado fotografias da claque nas redes sociais e por ter amigos sportinguistas.
Para os oito arguidos que tiveram maior participação no crime e estão em prisão preventiva, a procuradora do MP pediu penas de prisão efetiva superiores a cinco anos. Para os outros, nomeadamente aqueles que não foram acusados do crime sexual, mas de roubos, agressões e posse de arma proibida, admitiu penas de prisão suspensas.
“FOI ALGO PENSADO”
A violação ocorreu em fevereiro de 2022, após um jogo de futsal Benfica-Sporting, na Luz. O MP invocou como prova imagens de videovigilância sobre os momentos em que o grupo levou a vítima para uma zona descampada, fora do estádio, e onde a agrediu, despiu e violou. O depoimento do ofendido também foi “claro e conciso sobre o que aconteceu”, defendeu.
“Isto não foi do momento, foi algo pensado, foram selecionadas vítimas. Há conversas de grupo sobre investigar, perseguir, arrancar dentes, despi-lo em plena rua”, alegou ainda a procuradora, para quem o motivo foi “absolutamente fútil, leviano, incompreensível, não sobre claques, futebol, amor ao clube”. “O que fizeram não atinge apenas os ofendidos, mas, também, toda a sociedade”, disse.
Os 13 arguidos foram detidos, em janeiro de 2023, numa ação da PSP de Lisboa contra a violência no futebol que incidiu sobre os “casuals”, adeptos associados a ideais de extrema-direita.