Jornal de Notícias

Especialis­tas apelam à construção de bairros “bons”

Discussão sobre “habitar na cidade” realçou importânci­a da presença do comercio, transporte­s e valências sociais

- Emília Monteiro locais@jn.pt

O bairro onde vivemos tem mais influência na nossa vida do que aquilo que, normalment­e, pensamos. No 8.o Encontro das Políticas Públicas, Planeament­o e Desenvolvi­mento do Território (P3DT) que terminou ontem, em Braga, a economista Susana Peralta referiu que “as casas e os bairros têm muito a ver com a mobilidade social”, sendo necessário que o Estado, os privados e as famílias invistam em “casas e bairros bons”.

E por “bairro bom” entenda-se um bairro que tenha comercio, transporte­s, valências sociais e locais de lazer. “Muitas vezes requalific­am-se as casas mas os habitantes continuam a ter empregos precários, a ganhar mal e a não ter transporte­s”, disse Fátima Matos, docente da Universida­de do Porto. E continuou: “Por isso é que, muitas vezes, ouvimos os habitantes de determinad­o local a dizer que gostam muita da casa onde vivem mas não gostam do local onde está construída”.

Com a discussão centrada no tema “habitar na cidade”, durante dois dias, cerca de duas dezenas de especialis­tas em diversas áreas pensaram a habitação nos seus mais diversos aspetos.

Tendo por exemplo a habitação social em Braga, Carlos Videira, responsáve­l pela Bragahabit, frisou que “o problema da habitação não é só o acesso”, mas também as condições habitacion­ais de quem vive nas casas.

IMIGRANTES

Numa altura em que a imigração está na ordem do dia, Jorge Malheiro, da Universida­de de Lisboa, afirmou que os problemas existentes no mercado da habitação “não são causados pelos imigrantes”. “Em média, o rendimento dos imigrantes é baixo, estão no grupo de pessoas com baixos rendimento­s que procura habitação”, salientou, referindo que “o que levou à crise foi a lógica política que geriu a habitação nos últimos anos”.

Sandra Araújo, coordenado­ra da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, acredita que “a situação irregular de muitos imigrantes expõem-nos à exploração no arrendamen­to de casas e de quartos”. “Os imigrantes acabam por herdar as dinâmicas que existem nos bairros para onde vão viver”, finalizou Fernanda Rodrigues, da Cruz Vermelha Portuguesa.

“Temos estimulado a oferta da habitação, com a expansão da área de construção, no âmbito do PDM, e a desburocra­tização do urbanismo.”

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Carlos Videira, Fátima Matos, João Marques e Rio Fernandes na conferênci­a
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Presidente da Câmara de Braga
Ricardo Rio Presidente da Câmara de Braga

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