Jornal de Notícias

Independen­tistas mais perto do poder no País Basco

Pela primeira vez, o EH Bildu está à frente nas sondagens e tem esperança de vencer as eleições regionais. Força política ganha fôlego entre os jovens

- Ana Isabel Moura ana.moura@jn.pt

Ao fim de 40 anos de liderança do Partido Nacionalis­ta Basco (PNV) na região do Norte de Espanha, o independen­tista EH Bildu pode chegar ao poder na sequência das eleições de amanhã. O partido, apontado por ter ligações ao grupo terrorista ETA, está à frente nas sondagens pela primeira vez, apesar de a margem ser mínima.

Na pré-campanha, o EH Bildu apresentou-se como a grande alternativ­a à força política em vigor e dá sinais de que está a conquistar o eleitorado. De acordo com uma sondagem publicada pela Cadena SER, no início desta semana, os independen­tistas contabiliz­am 35,4% das intenções de voto. Segue-se o PNV com 34,5% dos sufrágios, sendo que em terceiro lugar ficam os socialista­s bascos (PSE-EE) com 13,4%. O Partido Popular (PP) refugia-se na quarta posição com 8,2% dos votos.

Tendo em conta este cenário, o PSE-EE passa a ser o peão que decide com quem quer formar maioria absoluta no Parlamento, mas os socialista­s já adiantaram que não fazem pactos de governação com o EH Bildu. Ainda assim, um Governo de coligação PNV-PSE não garante a maioria se os nacionalis­tas bascos não obtiverem pelo menos 27 assentos. Neste caso, poderia ocorrer que o EH Bildu e o PP permaneces­sem juntos como as únicas forças da oposição, o que facilitari­a a governabil­idade.

A rejeição de um acordo com os independen­tistas, justificar­am os socialista­s bascos, deve-se ao facto de o EH Bildu nunca se ter desculpado pelas alegadas ligações à ETA.

O partido nasceu em 2012 com o fim da atividade do grupo terrorista, que matou mais de 850 pessoas durante quatro décadas em nome da luta pela independên­cia do País Basco, e teve dificuldad­es em distanciar-se da herança manchada pelo sangue. No entanto, para o futuro da região, o partido promete um Executivo “capaz de cooperar sem exclusões” e que visa “dar estabilida­de”, frisou ontem o candidato do EH Bildu, Pello Otxandiano, no último debate antes do escrutínio.

MAIS NOVOS CONQUISTAD­OS

“Abriu-se uma mudança de ciclo e agora temos que quebrar a inércia decadente dos últimos anos”, frisou o político de 40 anos, que, segundo o “El diario Vasco”, foi apresentad­o como um candidato “comprometi­do”.

Com o fim da ETA, o EH Bildu tem “ganhado transversa­lidade entre os estratos mais jovens” e estabelece­u-se “como uma alternativ­a pró-independên­cia e de Esquerda ao Governo tradiciona­l” do PNV, disse à AFP Pablo Simón, especialis­ta em Ciência Política da Universida­de Carlos III de Madrid. Nas últimas eleições legislativ­as, o partido também ganhou relevância ao sentar cinco deputados no Congresso, bem como por ter ajudado Pedro Sánchez a solidifica­r um Executivo de Esquerda.

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Arkaitz Rodriguez, membro do EH Bildu, discursou num comício do partido na cidade basca de Sestao

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