Independentistas mais perto do poder no País Basco
Pela primeira vez, o EH Bildu está à frente nas sondagens e tem esperança de vencer as eleições regionais. Força política ganha fôlego entre os jovens
Ao fim de 40 anos de liderança do Partido Nacionalista Basco (PNV) na região do Norte de Espanha, o independentista EH Bildu pode chegar ao poder na sequência das eleições de amanhã. O partido, apontado por ter ligações ao grupo terrorista ETA, está à frente nas sondagens pela primeira vez, apesar de a margem ser mínima.
Na pré-campanha, o EH Bildu apresentou-se como a grande alternativa à força política em vigor e dá sinais de que está a conquistar o eleitorado. De acordo com uma sondagem publicada pela Cadena SER, no início desta semana, os independentistas contabilizam 35,4% das intenções de voto. Segue-se o PNV com 34,5% dos sufrágios, sendo que em terceiro lugar ficam os socialistas bascos (PSE-EE) com 13,4%. O Partido Popular (PP) refugia-se na quarta posição com 8,2% dos votos.
Tendo em conta este cenário, o PSE-EE passa a ser o peão que decide com quem quer formar maioria absoluta no Parlamento, mas os socialistas já adiantaram que não fazem pactos de governação com o EH Bildu. Ainda assim, um Governo de coligação PNV-PSE não garante a maioria se os nacionalistas bascos não obtiverem pelo menos 27 assentos. Neste caso, poderia ocorrer que o EH Bildu e o PP permanecessem juntos como as únicas forças da oposição, o que facilitaria a governabilidade.
A rejeição de um acordo com os independentistas, justificaram os socialistas bascos, deve-se ao facto de o EH Bildu nunca se ter desculpado pelas alegadas ligações à ETA.
O partido nasceu em 2012 com o fim da atividade do grupo terrorista, que matou mais de 850 pessoas durante quatro décadas em nome da luta pela independência do País Basco, e teve dificuldades em distanciar-se da herança manchada pelo sangue. No entanto, para o futuro da região, o partido promete um Executivo “capaz de cooperar sem exclusões” e que visa “dar estabilidade”, frisou ontem o candidato do EH Bildu, Pello Otxandiano, no último debate antes do escrutínio.
MAIS NOVOS CONQUISTADOS
“Abriu-se uma mudança de ciclo e agora temos que quebrar a inércia decadente dos últimos anos”, frisou o político de 40 anos, que, segundo o “El diario Vasco”, foi apresentado como um candidato “comprometido”.
Com o fim da ETA, o EH Bildu tem “ganhado transversalidade entre os estratos mais jovens” e estabeleceu-se “como uma alternativa pró-independência e de Esquerda ao Governo tradicional” do PNV, disse à AFP Pablo Simón, especialista em Ciência Política da Universidade Carlos III de Madrid. Nas últimas eleições legislativas, o partido também ganhou relevância ao sentar cinco deputados no Congresso, bem como por ter ajudado Pedro Sánchez a solidificar um Executivo de Esquerda.