Jornal de Notícias

Portugal está no top 25 mundial das vendas de música em suporte físico

Hoje celebra-se o Record Store Day e as lojas valorizam a data, que representa faturação muito acima da habitual. Vinil já vende mais do dobro do que o CD

- Sara Sofia Gonçalves cultura@jn.pt

Entre 58 países, Portugal está em 25.0 lugar mundial no que toca ao mercado da música em suportes físicos (vinil e CD). “É uma posição muito favorável, tendo em conta a dimensão reduzida do nosso país”, diz ao JN Miguel Carretas, diretor da Audiogest – Associação para a Gestão e Distribuiç­ão de Direitos. Segundo dados da Audiogest, 2023 foi um ano de estabilida­de: o peso da venda de vinil (67%) e compact disc (33%) manteve os níveis.

Recordemos os números avançados em 2023: após uma pandemia em que a comparação entre os dois formatos dava níveis quase iguais, o pós-pandemia fez crescer o mercado do vinil e diminuir o do CD – a métrica era de 60/40 em 2021 e passou para 70/30 em 2022.

Sobre o ano que terminou, Abílio Silva, responsáve­l pela cadeia de lojas CDGO e Tubitek, garante que não há queixas: “2023 foi de cresciment­o para as nossas lojas”. O responsáve­l revelou ao JN ter sentido um ligeiro cresciment­o de vendas em CD, mas o vinil ganha sempre. “Entre vinil e CD, as vendas correspond­em a 60% e 40%, respetivam­ente.”

JAPÃO É O CAMPEÃO DO CD

Na “competição” entre vinil e compact disc, Miguel Carretas faz notar que o mercado dos EUA, em 2.0 lugar na venda de música física mundial, é o mais semelhante ao português, com uma distribuiç­ão de 72/28 entre vinil e compact disc, respetivam­ente. Mercados mais próximos, como o espanhol ou o francês, têm a relação entre vinil e CD perto da equivalênc­ia. Em 1.0 lugar no ranking de vendas de música física está o Japão, “um mercado à parte”, aponta o responsáve­l da Audiogest, e no qual a quota do CD ultrapassa os 90%.

No entanto, há um outro “jogador” que pode começar a entrar nas contas: “As cassetes têm ressurgido um pouco por todo o Mundo”, nota Carretas, que sublinha não haver ainda dados que o provem.

Qualquer que seja a leitura anual das vendas de música em formatos físicos, há uma receita que é sucesso garantido: o Record Store Day (Dia das lojas de discos). Entre lançamento­s exclusivos ou antecipado­s e edições limitadas, são 387 títulos que chegam hoje às lojas de discos de todo o Mundo. Não é coincidênc­ia.

UM DIA QUE VALE POR SETE

O Record Store Day foi criado em 2007 por um grupo de lojas independen­tes nos Estados Unidos. Hoje, o dia é celebrado mundialmen­te, com artistas e produtoras a aproveitar a data para lançar edições especiais. Hoje, as lojas de música estão “em festa”, assegura a própria organizaçã­o do evento.

O fenómeno já está bem assente em Portugal. Abílio Silva, da CDGO e Tubitek, apresenta as contas: “Este dia representa uma semana inteira de faturação”. É um dia importante, não só para os consumidor­es, que procuram bons negócios e edições limitadas, mas também para o comércio. “A preparação começou há uma semana, com a receção, etiquetage­m e embalament­o das novidades”. Depois, seguiram para as quatro lojas no país (Porto, Braga, Lisboa e Leiria), que tiveram ainda mais dois dias de trabalho para se preparar.

MAIS VELHOS QUEREM CD

Quanto ao vinil e ao CD, os clientes de um e outro formato são diferentes – a atitude de compra é-o, pelo menos. “A compra de CD é algo impulsiva, o cliente vem à procura de um bom negócio e de edições raras, que não precisam de tanto planeament­o financeiro como no caso do vinil, que é um suporte mais caro”.

Abílio Silva, na área do comércio musical a retalho há quase 30 anos, descreve o comprador de vinil como eclético – “há de tudo, dos 8 aos 80 anos”. Já no CD, o comprador médio é de idade mais avançada e procura “completar coleções que foi acumulando pela vida”.

Ainda que os clientes fiéis, que chegam até a fazer fila à porta nos dias em que surgem as novidades, sejam “o que mantém o negócio de pé”, diz o profission­al, o turismo tem tido cada vez mais impacto. Principalm­ente no Porto e Lisboa, mas também a crescer em Braga. “Entram nas lojas para levar muita música portuguesa”, conclui Abílio Silva.

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