Jovem julgado por esfaquear namorada
Educadora de infância começou por ter alta, mas ferimentos causaram infeção que a matou
Ciumento, controlador e possessivo. Foi assim que os amigos de Joana Nascimento descreveram o seu ex-namorado. Tiago Souto, de 22 anos, começou ontem a ser julgado por homicídio qualificado na forma tentada. Segundo a acusação, empunhou uma navalha e golpeou Joana no pescoço, dizendo-lhe: “Se não és minha, não és de mais ninguém.” A jovem, de 26 anos, morreu uma semana depois, com uma infeção generalizada.
Joana queria terminar o relacionamento, mas o rapaz não aceitava. A 15 de junho de 2023, a jovem chegava a casa, em Lagoa, e não se apercebeu de uma “espera” que Tiago lhe fez. Começou a ser esfaqueada ainda no interior do próprio carro. Conseguiu fechar a janela e conduzir alguns metros até à GNR, onde pediu ajuda.
Assistida no Hospital de Portimão a ferimentos de dois golpes no pescoço, teve alta no próprio dia. A 22, voltou a ser internada com uma infeção grave em resultado dos ferimentos. Foi transportada de helicóptero para a medicina intensiva do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde morreu na noite de 23, em consequência de “um abcesso pós-traumático, complicado de sépsis”, diz o relatório da autópsia.
Tiago está em prisão preventiva. Ontem não prestou
declarações em tribunal. Foram ouvidos amigos e colegas da jovem e também a mãe que, à saída, fez questão de falar aos jornalistas. “Ele não presta. Viu-o traficar droga. Era possessivo, ia ao trabalho dela e ameaçava-a, mas a minha filha nunca contou nada”, disse Telma Nascimento. Garante que soube do namoro pelo próprio arguido. “Pediu-me amizade nas redes sociais e enviou-me uma fotografia dos dois num restaurante”, numa atitude que entendeu ser “provocatória”, já que a relação não era aceite pelos pais. “Nada traz a minha filha de volta, mas faço um apelo a outras Joanas. Coisas destas têm de ser denunciadas e não encobertas”.