Jornal de Notícias

Rússia vai retaliar se Polónia instalar armas nucleares

Reação do Kremlin surge após o presidente polaco admitir colocar este armamento no país

- Ana Isabel Moura* ana.moura@jn.pt AGÊNCIAS

TENSÃO Depois de o presidente polaco, Andrzej Duda, ter afirmado ontem que o país está “preparado” para instalar armas nucleares no seu território, caso a NATO decida reforçar as capacidade­s militares no flanco oriental, a Rússia reagiu. O Kremlin garante que estes avanços serão alvo de uma retaliação adequada.

“Se os nossos aliados decidirem implantar armas nucleares no nosso território, no quadro de partilha nuclear, com o objetivo de fortalecer a segurança do flanco oriental da NATO, estamos prontos para o fazer”, afirmou o chefe de Estado polaco, num entrevista publicada pelo jornal “Fakt”.

Duda acrescento­u que uma eventual mobilizaçã­o de armas nucleares para a Polónia tem sido objeto de discussões entre a Polónia e os EUA “há algum tempo”, notando que o assunto já foi trazido para cima da mesa “muitas vezes”.

A necessidad­e de proteger os Estados pertencent­es à Aliança Atlântica deve-se ao facto de a Rússia estar “a militariza­r cada vez mais o enclave de Kaliningra­do”. Está em processo de transferên­cia das suas armas nucleares para a Bielorrúss­ia”, dois território­s que fazem fronteira com a Polónia, revelou o presidente polaco. Perante as declaraçõe­s do líder de Varsóvia, Moscovo assegurou que vai tomar medidas para garantir a própria segurança, caso as intenções ocidentais se verifiquem.

ALVOS LEGÍTIMOS

“As Forças Armadas vão, naturalmen­te, analisar a situação e, em qualquer caso, tomar todas as medidas de retaliação necessária­s para garantir a nossa segurança”, disse o porta-voz da presidênci­a russa, Dmitry Peskov. No entanto, o representa­nte não adiantou que tipo de resposta as autoridade­s russas têm em vista.

Também Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeir­os da Rússia, citada pelo jornal russo “Izvestia”, considerou as declaraçõe­s do presidente polaco “provocatór­ias”. A responsáve­l lembrou que as instalaçõe­s nucleares passam a ser alvos legítimos para as forças russas, na eventualid­ade de estas entrarem em confronto com a NATO.

O aumento da tensão acontece no mesmo dia em que os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeir­os da União Europeia se reuniram, no Luxemburgo, mas não chegaram a um acordo quanto ao envio de sistemas de defesa aérea Patriot para a Ucrânia.

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Duda diz que país está “preparado” para dar passo

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