Gastos por causa da NATO podem forçar cortes noutras áreas
Portugal precisa de aplicar mais 3000 milhões de euros em Defesa para chegar às metas da Aliança em 2030
O Estado português precisa de gastar cerca de 3 mil milhões de euros em novas despesas com Defesa e militar a partir deste ano para conseguir atingir a meta dos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2030 definida e acordada com os parceiros da NATO (sigla em inglês para Organização do Tratado do Atlântico Norte), de acordo com cálculos do JN/Dinheiro Vivo com base em números da própria NATO e nas projeções mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para PIB nominal até 2029.
Segundo vários analistas, isto deve obrigar o Governo português a fazer opções do lado da despesa (cortar noutros gastos) porque, embora o país esteja a entregar excedentes orçamentais, continua com uma dívida demasiado elevada, ainda próxima dos 100% do PIB. Para manter as contas certas, é preciso desviar recursos de outras áreas. Portugal pode até ter de reforçar o gasto na Defesa mais depressa do que julga, porque as guerras são várias e estão a prolongar-se no tempo acima do esperado.
Assim, a despesa adicional com investimentos militares está a ser vista como o novo grande risco para o Orçamento já em 2025, segundo dizem o Conselho das Finanças Públicas (CFP) e a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).
MAIS CUSTOS NO FUTURO
E não só: como disse a anterior ministra da Defesa, Helena Carreiras, a partir de 2030, uma vez atingida a meta de 2% do PIB exigida pela NATO, Portugal vai ter de a manter, o que equivalerá, a preços de hoje, a uma despesa adicional anual na ordem dos 1,6 mil milhões de euros, cerca de 0,6 pontos percentuais do PIB, segundo cálculos do CFP.
A UTAO alerta que “a despesa adicional em Defesa e segurança é um risco descendente” para o equilíbrio e a sustentabilidade das contas portuguesas.
“Os compromissos internacionais assumidos por Portugal no âmbito da NATO, a incerteza sobre os desenvolvimentos no conflito que decorre na Ucrânia e o estado atual dos arsenais militares portugueses poderão acarretar despesa adicional face à que está projetada”, indica a UTAO.