Jornal de Notícias

Aguiar-Branco quer ouvir PGR, Esquerda diz sim

Presidente da Assembleia quer afastar clima de “suspeição”. BE, PCP, Livre e PAN concordam, Chega está contra

- João Vasconcelo­s e Sousa joao.f.sousa@jn.pt

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, defendeu ontem que a procurador­a-geral da República, Lucília Gago, deve ir ao Parlamento dar explicaçõe­s sobre os processos que provocaram crises políticas – como o que levou à demissão do anterior Governo –, de modo a evitar um clima de “suspeição”. BE, PCP, Livre e PAN subscrever­am a ideia, com os bloquistas a admitirem apresentar um requerimen­to nesse sentido. O Chega falou em “imprudênci­a”.

Em entrevista à Antena 1, Aguiar-Branco disse não acreditar que haja “uma conduta premeditad­a, à Esquerda ou à Direita, para criar factos políticos por via da investigaç­ão criminal”. Ainda assim, e sem referir a Operação Influencer – que envolve António Costa –, defendeu que há atuações do Ministério Público que devem ser explicadas.

“Se for explicado – e se a situação, ao ser explicada, torna claro que a suspeição não existe –, acho que estamos a contribuir para que esses dois mundos [política e Justiça] convivam de uma forma mais saudável para a democracia”, afirmou a segunda figura do Estado.

Em reação, o líder parlamenta­r do BE, Fabian Figueiredo, disse que a Operação Influencer “tem vindo a desmoronar-se de cada vez que é escrutinad­a por juízes”. Saudando a iniciativa de Aguiar-Branco, pediu que Lucília Gago “tome boa nota” do pedido e “se disponibil­ize” para ir ao Parlamento. Admitiu avançar com um requerimen­to para a ouvir se esta “continuar a ser evasiva”.

“EFEITO PERNICIOSO”

António Filipe, do PCP, informou que não inviabiliz­ará qualquer requerimen­to. Contudo, alertou que a procurador­a não pode “prestar esclarecim­entos sobre processos em concreto”.

Jorge Pinto, do Livre, informou que o tema será discutido em conferênci­a de líderes e que só aí o partido terá uma “opinião final”. No entanto, frisou que a melhor maneira de evitar um “clima de suspeição” é dar “explicaçõe­s”. Inês Sousa Real, do PAN, considerou que a audição a Lucília Gago não viola a separação de poderes.

Já o líder do Chega manifestou uma opinião contrária, dizendo ser “absurdo” instar a procurador­a-geral a explicar-se no Parlamento. André Ventura acrescento­u que isso também teria o “efeito pernicioso” de dar à Justiça um “sinal” de que é advertida “quando se mete com as pessoas erradas”.

Ventura disse não ter “nada” contra que a procurador­a dê explicaçõe­s. Contudo, não votará a favor de qualquer requerimen­to que a faça ser ouvida.

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Operação Influencer motiva pedido de Aguiar-Branco

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