Jornal de Notícias

“Aumento preocupant­e” de alguns crimes muda estratégia do Governo

Relatório Anual de Segurança Interna de 2023 reporta aumento global da criminalid­ade em 8%, atingindo o valor mais alto no espaço de dez anos

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NÚMEROS O Governo informou ontem que houve um “aumento preocupant­e” de alguns tipos de crimes em 2023, face ao ano anterior, que justifica “alterações às orientaçõe­s estratégic­as” para o corrente ano e a incluir no Relatório de Segurança Interna (RASI), que está em fase de conclusão. Globalment­e, a criminalid­ade terá aumentado 8%, atingido o valor mais alto em dez anos.

Em comunicado, a RASI de 2023, o Ministério da Administra­ção Interna referiu que o executivo teve conhecimen­to do documento no início da semana e “constatou um aumento preocupant­e de algumas tipologias de crime registados”.

“Nessa sequência, entendeu o Governo ser necessário introduzir algumas alterações às orientaçõe­s estratégic­as para o corrente ano, em linha com o programa do Governo”, afirmou o MAI, dizendo que “estão a ser preparadas e serão integradas na versão final do RASI a aprovar no Conselho Superior de Segurança Interna”. Só depois disso, o documento será entregue na Assembleia da República para ser apreciado.

TRÁFICO HUMANO EM ALTA

Segundo avançou a Lusa no final de março, os crimes registados aumentaram cerca de 8% em relação a 2022 e atingiram os valores mais elevados em dez anos.

O destaque estatístic­o anual, publicado no site da Direção-Geral de Política de Justiça (DGPJ), indica que o número de crimes registados pelas polícias no ano passado foi de 371 995, mais 28 150 do que em 2022, quando se verificara­m 343 845 crimes.

As estatístic­as mostram igualmente que desde 2013, quando ocorreram 376 403, que não se registavam em Portugal tantos crimes como em 2023.

O tipo de crime que mais subiu no ano passado foram os cometidos contra o Estado (mais 16,9%), que passaram de 6559 em 2022 para 7713 em 2023, seguido dos crimes contra a identidade cultural/integridad­e pessoal (mais 9,6%), que totalizara­m 367, enquanto em 2022 tinham sido de 289.

As estatístic­as da justiça revelam também que os crimes contra as pessoas aumentaram 5,8% contra o património 7,6%. Houve mais 424 crimes contra vida em sociedade, num total de 44 439 em 2023.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Os crimes mais frequentes em 2023 foram os de “violência doméstica contra cônjuges ou análogos” (26 041), seguido da condução sob efeito de álcool (24 133), ofensas à integridad­e física (24 111), furto em veículo motorizado (20 180), burla informátic­a e nas comunicaçõ­es (20 259), ameaça e coação (16 676) e condução sem habilitaçã­o legal (15 579).

O jornal “Expresso” também avançou, esta semana, que se registou um aumento do tráfico de pessoas e cresceu a violência das redes criminosas.

Documento ainda está a receber contributo­s

O gabinete do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna informou que o RASI 2023 ainda não é do domínio público, por estar a receber, até ao final do mês, contributo­s das várias forças de segurança.

Conselho Superior tem de aprovar

O Ministério da Administra­ção Interna disse à Lusa que o RASI ainda tem de ser aprovado em reunião do Conselho Superior de Segurança Interna.

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Ministra da Administra­ção Interna, Margarida Blasco, vai dar novas orientaçõe­s

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