Acabar com o preconceito na arte da tatuagem
“Oporto Tattoo” vai na oitava edição e deve chamar milhares de pessoas até amanhã, no Multiusos
Combater o preconceito. É isso que a organização espera de mais uma edição do “Oporto Tattoo”, encontro de tatuadores que reúne em Gondomar perto de quatro centenas de profissionais de vários países. A iniciativa tem lugar no pavilhão Multiusos, até amanhã.
“Para nós, o mau tempo é bom”. Ou não fosse ele humorista, Fernando Rocha usa o trocadilho tendo em conta a previsão do estado do tempo para o fim de semana. Se estivesse calor, as pessoas iriam para a praia. Como vai chover, espera que a oitava edição do “Oporto Tattoo” chame ao Multiusos de Gondomar a média dos anos anteriores, ou seja, cerca de dez mil pessoas nos três dias do evento.
A uma expectativa o organizador soma outra: a de que a convenção ajude a “desmistificar e a acabar com o preconceito” em torno da tatuagem. Num ambiente que se pretende familiar, os tatuadores competem em diversas categorias e, amanhã, um deles leva para casa uma peça em filigrana.
PRÉMIO CARREIRA
“Quis combinar a arte da tatuagem com a arte milenar daqui da nossa terra, que é a filigrana”, refere Fernando Rocha ao JN. Entre as distinções está também o prémio carreira, agora designado troféu Mao Perez, em homenagem àquele que foi um dos pioneiros da tatuagem em Espanha e que faleceu no início deste mês.
Entre os participantes encontrámos Pedro Vandiesel, natural de Ovar. A viver em Northampton, Inglaterra, desde 2001, tem na sua carteira de clientes figuras bem conhecidas, em particular do futebol, como o treinador do F. C. Porto, Sérgio Conceição, ou Fábio Silva, agora a jogar no Rangers.
Especialista em “realismo a preto e cinza”, Pedro Vandiesel confessa que só aceita trabalhos que acumulem duas circunstâncias: “Têm de ser tatuagens com algum significado e que vão ao encontro daquilo que eu faço”. Por isso Maciel, de 21 anos, confiou-lhe o braço esquerdo, em que um leão estava a ganhar forma, ontem, primeiro dia do evento.
Catarina Patrício tem 24 anos e exibe no braço direito uma tatuagem que Jose Monzon lhe fez em Paris, em fevereiro. Reencontraram-se em Gondomar para que o tatuador espanhol dê continuidade ao trabalho, agora numa perna.
Monzon participa em muitas destas iniciativas, à razão de dez a 15 por ano, e acredita que a convenção “Oporto Tattoo” está “ao nível das melhores da Europa”. Lamenta que, na generalidade dos casos, estes eventos estejam muito virados para o negócio. “Hoje em dia, tudo se move pelo dinheiro”, reforça, para logo dizer que em Gondomar encontra “um ambiente familiar muito bom”.