Jornal de Notícias

Dos anónimos

- Helder Pacheco POR Professor e escritor O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA

Cinquenta anos depois de Abril, trago à lembrança para que, na Festa, não esqueçam um pedaço da história daquela época. Refiro-me ao exército oculto de voluntário­s que, a seguir à queda da Ditadura, mantiveram o país a funcionar. No Ministério da Educação, sei o que sucedeu.

Em fins de Setembro de 74, o Vítor Marques, recém-nomeado inspector-chefe, telefonou a dizer que era preciso reorganiza­r tudo. E acrescento­u: “Tu e outros têm que vir para cá”. Lá fui. A primeira reunião, na Avenida 5 de Outubro (sede do Ministério da Educação) foi concludent­e em dois aspectos: a) fora os neófitos como eu, nunca se vira uma elite intelectua­l na Educação; b) ficámos a saber o que nos esperava. Da elite: Orlando Carvalho (da Universida­de de Coimbra) era secretário de Estado da Reforma Educativa, Rogério Fernandes e Raul Gomes (novos directores-gerais), Rui Grácio (notável pedagogo e futuro secretário de Estado), Ilídio Sardoeira, Betâmio de Almeida, Fernando Lopes Graça (para a Reforma da Música) e creio que Rómulo de Carvalho. E outros, que já não recordo. O que nos esperava: reformar o sistema, rever programas, reestrutur­ar currículos, criar novas escolas, alargar a escolarida­de, ampliar a formação de professore­s, recomeçar as aulas. Enfim, arregaçar as mangas.

E arregaçámo­s. As aulas reiniciara­m-se, conforme as diversas condições. E o Ministério descentral­izou-se criando uma delegação no Porto! Fez-se o que se pôde e mais do que parecia possível. Dos que participar­am naquela reunião, onde foi definido o 25 de Abril na Educação, quase todos partiram. Aqui os recordo. No anonimato, também ajudaram a construir a Democracia.

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