Proibir os telemóveis na escola não é solução
Alunos devem ser ouvidos, defendem especialistas
A proibição dos telemóveis nas escolas sem ouvir os alunos é criticada por alguns especialistas, que defendem que os jovens podem ajudar a encontrar as melhores soluções para os manter ligados tanto à escola como à Internet.
Em declarações à agência Lusa a propósito da Semana do Bem-Estar Digital, que arranca hoje, o especialista em uso de tecnologias de informação por crianças e jovens e fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net, Tito de Morais, considerou que o melhor é sempre ouvir os jovens primeiro, antes de qualquer decisão, até para os responsabilizar e levar a cumprir a decisão.
Também Cristiane Miranda, que tem mais de 20 anos de experiência nesta área e é mentora do projeto “Teen On Top – Coaching para Jovens”, defende que proibir não é melhor solução.
ENVOLVER NA DECISÃO
“Não é a melhor solução dizer que o Estado tem de vir regulamentar e proibir pura e simplesmente o uso do telemóvel nas escolas”, afirmou a especialista, acrescentando: “quando vamos às escolas e falamos com os alunos, eles têm muito para dizer e têm soluções”.
Para exemplificar, Cristiane Miranda contou uma conversa com um dos jovens de uma escola que o projeto visitou. “Perguntámos se devia ser proibido e o jovem respondeu: ‘depende do tempo. Quando está sol, podemos estar lá fora, correr, jogar à bola e fazer outras coisas, mas quando chove temos de ficar no pavilhão e não podemos falar, temos de ficar aqui sentados e ninguém nos deixa fazer nada e aí temos de usar os telemóveis’”. E por isso insiste que, quando os jovens são envolvidos na solução, “aceitam-na melhor e aderem para a cumprir”.