Azáfama para preparar a melhor semana da vida dos estudantes
Porto Trabalhos de montagem no queimódromo decorrem desde o início do mês. Recinto deve receber cerca de 40 mil estudantes todas as noites
A uma semana do arranque de mais uma edição da festa académica, a azáfama marca os dias no queimódromo. São 300 os voluntários empenhados na preparação do recinto que vai receber as noites da Queima das Fitas do Porto. Entre 4 e 11 de maio são esperadas 40 mil pessoas por dia. Aos concertos soma-se uma zona de divertimentos com atrações como os carrinhos de choque e as tradicionais barraquinhas das diferentes faculdades. Neste ano, são 93.
O trabalho dos voluntários prolonga-se da manhã até à noite, para que tudo fique preparado. “É trabalhoso e, por vezes, o material não está em muito bom estado, há que tomar cuidados, mas vai ser possível montar tudo e a festa será muito boa”, garantiu Marta Branco, responsável por um grupo de alunos de várias faculdades – a “Tropa do Bruxo – que se estreia na montagem de barracas no queimódromo.
Pela primeira vez, o recinto tem uma coordenação no feminino. Carolina Coutinho, estudante de Engenharia, passa ali os dias, desde que os trabalhos começaram, a 8 de abril.
“É muito gratificante vir para aqui um mês antes e ver o espaço ainda vazio e depois a preencher-se aos poucos. Vimos para cá às 10.30 e saímos às 20 horas. Mas não custa, não cansa e é muito interessante perceber a diferença entre aproveitar a festa e montar o espaço antes da festa acontecer”, sublinhou. Carolina destaca que “este processo de trabalho conjunto realizado com colegas de tantas faculdades diferentes cria amizades, acaba por unir toda a academia e ajuda a conhecer outras pessoas”.
O sentido de responsabilidade acaba por sobrepor-se à diversão, nos preparativos da maior festa dos estudantes do Porto. O trabalho não se resume a montar as paredes das barracas e às respetivas pinturas. Também há preocupações ambientais. As tintas que sobram, por exemplo, são colocadas em recipientes próprios, para depois terem o tratamento devido. Por todo o recinto, há caixotes para separar os resíduos. E mesmo durante as noites de festa, a comissão ambiental, identificada pelos casacos verdes, vai assegurar a limpeza do espaço.
QUARTOS DE BANHO
Junto à tenda que vai acolher as atuações dos DJ, os quartos de banho vão ganhando forma. Neste ano, há mais WC, ligados à rede de saneamento, e com uma disposição diferente, que facilita a entrada e a saída.
Esta é apenas uma das mudanças que o recinto apresentará na edição deste ano. Numa tentativa de proporcionar um “acesso mais organizado” ao queimódromo, foram criados três corredores, para evitar confusão entre filas, como ocorreu no ano passado. A entrada mantém-se na parte superior do recinto, pela Estrada da Circunvalação. Ou seja, no mesmo local do ano passado, “por uma questão de previsibilidade”.
POSTOS DE REVISTA
Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica, assinala, ainda, que a PSP e os Bombeiros Voluntários do Porto terão meios “logo à entrada”. O número de postos para fazer a revista “foi reforçado e, neste ano, haverá 25, com dois seguranças em cada um”. “Nem nos grandes festivais costuma acontecer”, destaca Francisco. Todos os objetos proibidos de entrar no recinto estão discriminados no site da Federação Académica do Porto (FAP).
“É uma grande responsabilidade. Por um lado, temos de garantir que corre tudo bem e que é seguro; por outro, os estudantes esperam meses e meses pela melhor semana da vida deles e temos de corresponder às expectativas criadas”, observa Francisco Porto Fernandes.
PALCO MAIOR
Enquanto os estudantes tratam das barracas, os palcos dos concertos também vão sendo montados. O queimódromo terá, neste ano, o maior palco de sempre, com 18 metros de altura, 50 de largura e 800 m2 de área útil. No recinto haverá ainda o Palco Cultura, de menor dimensão, instalado numa zona mais tranquila, junto aos 39 espaços de alimentação. Ali vão decorrer atuações de magia, comédia e um debate sobre as eleições europeias.
Sara Sinoni
Resp. pela assistência médica
“Como estudante de enfermagem, estar a prestar assistência médica é uma oportunidade de pôr o conhecimento em prática. Sinto uma pressão positiva”
Marta Branco
Estudante
“É o primeiro ano que estou cá numa barraquinha. Vim pelo espírito de participação e de muita diversão. É trabalhoso, mas vai ser muito bom”
Para “garantir que os estudantes têm uma semana divertida, sustentável e tranquila”, estarão dispersos pelo queimódromo voluntários encarregados de funções diferentes, que podem ser distinguidos pela cor dos casacos: azuis, da Comissão de Transição Digital; laranja, da Comissão de Prevenção de Comportamentos de Risco; amarelos, da Comissão de Apoio Clínico; e verdes, da Comissão Ambiental. Estes estudantes “fizeram uma rápida formação, para estarem todos no mesmo patamar”, explicou o presidente da FAP.
A formação académica dos voluntários também é importante. “Como estudantes de enfermagem, é uma oportunidade de pôr em
prática o nosso conhecimento. É bom ter uma pressão positiva como a que se vive num contexto como este. Não é o mesmo que estar num ambiente hospitalar, mais controlado, mas dá-nos experiência e a presença dos Bombeiros Voluntários do Porto tranquiliza-nos”, apontou Sara Sinoni, voluntária responsável pela área de apoio clínico.
“Além da assistência médica, no espaço de prevenção de comportamentos de risco também é prestado apoio psicológico, para lidar com ataques de ansiedade e pânico, que podem acontecer mais facilmente em espaços com muita gente”, acrescentou.
Os passes gerais para o queimódromo (que custavam 64 euros) já estão esgotados, mas os bilhetes diários continuam disponíveis e custam 12 euros. A partir de 4 de maio, passam a custar 13 euros. Quer passes quer bilhetes têm de ser trocados por pulseiras, que também poderão ser usadas para efetuar pagamentos dentro do recinto.
DINHEIRO PROIBIDO
À semelhança da edição de 2023, as transações no queimódromo não poderão ser feitas com dinheiro. Para evitar os constrangimentos do ano passado, além das pulseiras, os estudantes poderão usar cartão de crédito ou de débito e as aplicações dos bancos para telemóvel (o MBWay não pode ser utilizado).