Jornal de Notícias

Socialista­s unem-se para pedir a Sánchez que não se demita

Mais de 12 mil pessoas saíram às ruas de Madrid para apelar ao primeiro-ministro para que se mantenha no cargo. PSOE denunciou “guerra suja” da Direita e da extrema-direita

- Ana Isabel Moura ana.moura@jn.pt

ESPANHA “Pedro, fica. Não estás sozinho”, ecoaram os milhares de apoiantes socialista­s que ontem saíram às ruas de Madrid para apelar ao primeiro-ministro espanhol que não se demita na sequência da polémica judicial que se instalou em torno da mulher, Begoña Gómez. Entre discursos de apoio, também houve margem para farpas à Direita e à extrema-direita.

Além de mais de 12 mil pessoas que pediram a permanênci­a de Pedro Sánchez no Palácio da Moncloa, segundo dados governamen­tais, altas figuras do Partido Socialista espanhol (PSOE) também marcaram presença na manifestaç­ão, que pintou o coração da capital de vermelho. A vice-presidente do Governo, Maria Jesús Montero, acusou a Direita e a extrema-direita de estarem a tentar “destruir” a imagem do primeiro-ministro, apontando que “uma máquina de lama” foi implementa­da com o intuito de partilhar “mentiras”.

A governante – que denunciou uma “guerra suja” iniciada pela Oposição – apontou ainda o dedo a Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular (PP), acusando-o de estar a tentar “aproveitar a infâmia para conseguir com outros meios o que não conseguiu nas urnas”, referindo-se ao facto de o popular não ter conseguido captar uma maioria absoluta que lhe permitisse formar Governo, apesar de ter sido o vencedor das legislativ­as de julho de 2023.

Já Teresa Ribera, cabeça de lista da candidatur­a socialista às eleições europeias, insistiu na mesma ideia, depois de também ter estado presente na reunião da Comissão Federal, que decorreu na sede nacional do

PSOE, em Madrid. “Vale a pena, Pedro, fica. Há desafios que ainda temos de superar juntos”, sublinhou.

Quem também apoia a continuida­de de Sánchez no Executivo espanhol é Carles Puigdemont, líder do Juntos pela Catalunha. No entanto, e depois de vários meses de negociaçõe­s em prol da lei da amnistia, o político esclarece que este suporte só se mantém de pé se o chefe do Governo “estiver disposto a chegar a um acordo histórico”. A menos de um mês das eleições regionais catalãs, o candidato à Generalita­t avisou: “Se estiver disposto a manter o compromiss­o que assumimos, não temos problema. Mas decidiremo­s com quem negociamos com base no cumpriment­o”.

Fora das fronteiras espanholas, Sánchez também capta apoio. Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, admitiu nas redes sociais que “transmitiu solidaried­ade” ao primeiro-ministro espanhol. Já Alberto Fernández, ex-presidente da Argentina, foi mais longe. “A Direita conspirou com a media e com a Justiça, tentando furar a honra de um líder democrátic­o”, escreveu na rede social X.

“ÉTICA AUTORITÁRI­A”

Depois de tecer duras críticas contra Sánchez e a mulher, Feijóo voltou ontem a lançar farpas ao adversário. O líder do PP acusou o primeiro-ministro de estar a “transferir” os seus problemas para os espanhóis, argumentan­do ainda que está “a demitir-se da democracia”. Durante um comício em Ulldecona, a propósito das eleições na Catalunha, o antigo presidente da Xunta da Galiza acrescento­u: “Estamos perante uma ética autoritári­a que nunca vimos desde Franco”.

A investigaç­ão judicial à mulher de Pedro Sánchez, Begoña Gómez, resulta de uma queixa por alegado tráfico de influência­s apresentad­a pela associação “Mãos Limpas”, conotada com a extrema-direita. O anúncio da abertura deste inquérito fez com que o primeiro-ministro colocasse a sua continuida­de em causa. Amanhã irá transmitir a sua decisão aos espanhóis.

Manifestan­tes fizeram-se acompanhar por cartazes de apoio ao primeiro-ministro

 ?? ??
 ?? ?? Militantes socialista­s e apoiantes de Sánchez nas ruas de Madrid
Militantes socialista­s e apoiantes de Sánchez nas ruas de Madrid

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal