Socialistas unem-se para pedir a Sánchez que não se demita
Mais de 12 mil pessoas saíram às ruas de Madrid para apelar ao primeiro-ministro para que se mantenha no cargo. PSOE denunciou “guerra suja” da Direita e da extrema-direita
ESPANHA “Pedro, fica. Não estás sozinho”, ecoaram os milhares de apoiantes socialistas que ontem saíram às ruas de Madrid para apelar ao primeiro-ministro espanhol que não se demita na sequência da polémica judicial que se instalou em torno da mulher, Begoña Gómez. Entre discursos de apoio, também houve margem para farpas à Direita e à extrema-direita.
Além de mais de 12 mil pessoas que pediram a permanência de Pedro Sánchez no Palácio da Moncloa, segundo dados governamentais, altas figuras do Partido Socialista espanhol (PSOE) também marcaram presença na manifestação, que pintou o coração da capital de vermelho. A vice-presidente do Governo, Maria Jesús Montero, acusou a Direita e a extrema-direita de estarem a tentar “destruir” a imagem do primeiro-ministro, apontando que “uma máquina de lama” foi implementada com o intuito de partilhar “mentiras”.
A governante – que denunciou uma “guerra suja” iniciada pela Oposição – apontou ainda o dedo a Alberto Núñez Feijóo, líder do Partido Popular (PP), acusando-o de estar a tentar “aproveitar a infâmia para conseguir com outros meios o que não conseguiu nas urnas”, referindo-se ao facto de o popular não ter conseguido captar uma maioria absoluta que lhe permitisse formar Governo, apesar de ter sido o vencedor das legislativas de julho de 2023.
Já Teresa Ribera, cabeça de lista da candidatura socialista às eleições europeias, insistiu na mesma ideia, depois de também ter estado presente na reunião da Comissão Federal, que decorreu na sede nacional do
PSOE, em Madrid. “Vale a pena, Pedro, fica. Há desafios que ainda temos de superar juntos”, sublinhou.
Quem também apoia a continuidade de Sánchez no Executivo espanhol é Carles Puigdemont, líder do Juntos pela Catalunha. No entanto, e depois de vários meses de negociações em prol da lei da amnistia, o político esclarece que este suporte só se mantém de pé se o chefe do Governo “estiver disposto a chegar a um acordo histórico”. A menos de um mês das eleições regionais catalãs, o candidato à Generalitat avisou: “Se estiver disposto a manter o compromisso que assumimos, não temos problema. Mas decidiremos com quem negociamos com base no cumprimento”.
Fora das fronteiras espanholas, Sánchez também capta apoio. Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, admitiu nas redes sociais que “transmitiu solidariedade” ao primeiro-ministro espanhol. Já Alberto Fernández, ex-presidente da Argentina, foi mais longe. “A Direita conspirou com a media e com a Justiça, tentando furar a honra de um líder democrático”, escreveu na rede social X.
“ÉTICA AUTORITÁRIA”
Depois de tecer duras críticas contra Sánchez e a mulher, Feijóo voltou ontem a lançar farpas ao adversário. O líder do PP acusou o primeiro-ministro de estar a “transferir” os seus problemas para os espanhóis, argumentando ainda que está “a demitir-se da democracia”. Durante um comício em Ulldecona, a propósito das eleições na Catalunha, o antigo presidente da Xunta da Galiza acrescentou: “Estamos perante uma ética autoritária que nunca vimos desde Franco”.
A investigação judicial à mulher de Pedro Sánchez, Begoña Gómez, resulta de uma queixa por alegado tráfico de influências apresentada pela associação “Mãos Limpas”, conotada com a extrema-direita. O anúncio da abertura deste inquérito fez com que o primeiro-ministro colocasse a sua continuidade em causa. Amanhã irá transmitir a sua decisão aos espanhóis.
Manifestantes fizeram-se acompanhar por cartazes de apoio ao primeiro-ministro