Jornal de Notícias

Mistério envolve morte em ritual no rio Neiva

Polícia Judiciária investiga circunstân­cias em que ocorreu afogamento de mulher natural de Darque. Vítima estava acompanhad­a de duas vizinhas

- Ana Peixoto Fernandes justica@jn.pt

INVESTIGAÇ­ÃO A morte de uma comerciant­e de 48 anos durante um ritual, no rio Neiva, em Alvarães, Viana do Castelo, continua envolta num mistério que a Polícia Judiciária está a tentar esclarecer.

Teresa da Conceição Calçada Pinto, natural de Darque e que atualmente se encontrava a residir em Aldreu, Barcelos, possuía uma loja de vestuário na freguesia vizinha de Fragoso. Terá consultado uma médium, que lhe recomendou a realização de um trabalho com uma

pomba e flores, que a própria foi levar ao local da tragédia. A vítima terá pedido a duas vizinhas para a acompanhar­em, na quinta-feira à tarde, na “Azenha da Almerinda”, em Alvarães, mas algo correu mal. O ritual, que implicava atirar flores ao rio a partir de uma pequena queda de água num açude, foi fatal para Teresa que, em circunstân­cias ainda desconheci­das, acabou por morrer.

De acordo com fonte da GNR de Viana do Castelo, a morte aconteceu na presença de “testemunha­s oculares” e em circunstân­cias suspeitas, pelo que a

PJ de Braga foi chamada. E está agora a investigar uma de três possibilid­ades: queda acidental ao rio, a vítima ter-se atirado ou sido empurrada. Fonte da PJ confirmou que “há questões que a GNR interpreto­u como duvidosas. Estão por esclarecer. Não quer dizer que haja crime”, precisou a fonte.

Segundo o Comando de Emergência e Proteção Civil do Alto Minho, cerca das 17.03 horas, de 9 de maio, foi recebido um alerta para uma situação de “queda ao rio”, tendo sido mobilizado­s os Bombeiros Sapadores, a VMER e a GNR. Os meios de socorro encontrara­m “a vítima na água”, efetuaram o seu resgate e manobras de reanimação, mas esta não sobreviveu.

CONFIDÊNCI­A A AMIGOS

As motivações de Teresa Pinto, casada e mãe de duas filhas maiores de idade, permanecem ocultas, até para alguns dos seus mais próximos. O JN sabe que os que a conheciam acreditam que tenha sido a primeira vez que ela se envolveu neste tipo de práticas e que no dia da tragédia terá dito a amigos que “tinha algo para lhes contar, mas só o podia fazer no dia seguinte (ontem)”.

Sofia Mota, empregada de um café-mercearia em Alvarães, disse ao JN que “esse assunto [dos rituais] é novidade” e na terra “só se fala disso”. “Ficou tudo espantado. Trabalho aqui há quatro anos e nunca tinha ouvido falar”.

Inspetores da PJ de Braga fizeram perícias no local da ocorrência e o corpo da vítima foi removido cerca de quatro horas depois. Será autopsiado.

 ?? ?? Açude onde a tragédia aconteceu no rio Neiva com corrente forte e caudal elevado
Açude onde a tragédia aconteceu no rio Neiva com corrente forte e caudal elevado
 ?? ?? GNR, bombeiros e moradores acorreram ao local
GNR, bombeiros e moradores acorreram ao local

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