Jornal de Notícias

Diploma de extinção das ARS aprovado à pressa foi devolvido

Decreto-lei chegou a Belém 11 dias após as eleições e Marcelo quer que novo Governo se pronuncie. Indefiniçã­o cria disfunções no SNS

- Inês Schreck ines@jn.pt

O presidente da República não promulgou o decreto-lei do anterior Governo sobre a extinção das ARS, que chegou a Belém 11 dias após as legislativ­as, e remeteu-o ao atual Executivo para que se pronuncias­se. As ARS estão num “limbo” que está a afetar serviços do SNS.

O diploma chegou a Belém a 27 de março e Marcelo enviou-o ao novo Governo no dia seguinte à tomada de posse, a 2 de abril. Segundo uma nota publicada na página oficial da Presidênci­a da República, percebe-se que o diploma foi aprovado pelo anterior Governo à última da hora e que ainda há legislação em vigor que pressupõe a existência das ARS.

O decreto-lei “só deu entrada no Palácio de Belém “seis dias depois da apro

vação em Conselho de Ministros, cinco dias depois da indigitaçã­o do atual primeiro-ministro e cinco dias antes da tomada de posse do primeiro-ministro e dos ministros do XXIV Governo Constituci­onal”. E foi aprovado já “11 dias depois das eleições legislativ­as”, diz a nota.

Sobre as ARS, refere que “apesar da redução do seu papel, continuava­m e continuam a existir nos diplomas de reforma do SNS”.

DISFUNÇÕES EM SERVIÇOS

Parte das competênci­as das ARS passaram para as unidades locais de saúde e os administra­dores hospitalar­es têm sentido as dificuldad­es desta transferên­cia atribulada. Já houve sinais de problemas na aquisição de vacinas e disfunções nos sistemas de gestão de transporte­s e de pagamento aos convencion­ados. “Há uma grande in

definição sobre as funções e tarefas que eram das ARS e a lei não diz de forma clara quem tem a responsabi­lidade de quê”, explica o presidente da Associação Portuguesa de Administra­dores Hospitalar­es.

Xavier Barreto adianta que algumas das situações foram sendo resolvidas graças à boa vontade de algumas unidades, mas também com “algum risco” porque quando se assume uma compra que não está prevista na lei está a assumir-se um risco. “Não se percebe que as ARS tenham sido extintas sem se alterar a legislação necessária”, refere.

O JN questionou o Ministério da Saúde sobre se vai manter ou reverter a extinção das ARS e sobre o que está a fazer para solucionar os problemas decorrente­s desta indefiniçã­o, mas não recebeu resposta em tempo útil.

 ?? ?? Administra­dores hospitalar­es dizem que unidades de saúde já sentem dificuldad­es na gestão
Administra­dores hospitalar­es dizem que unidades de saúde já sentem dificuldad­es na gestão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal