Mais de um milhão de adultos estudou nos últimos 20 anos
Mais de metade dos que regressaram à sala de aulas completou o Ensino Básico e Secundário entre 2007 e 2011
Do milhão de adultos que concluiu programas de educação nos últimos 20 anos, cerca de 616 mil completaram o Ensino Básico e Secundário entre 2007 e 2011, quando estava em vigor o programa Novas Oportunidades, uma das principais bandeiras do Governo socialista de José Sócrates. Já em 2021/2022, o último ano letivo analisado, cerca de 53 mil adultos concluíram os dois níveis de ensino.
A análise à evolução das políticas públicas na educação dos adultos integra o segundo livro sobre “O ensino em Portugal antes e depois do 25 de Abril” promovido pelo Edulog, o centro de investigação da Fundação Belmiro de Azevedo.
Em termos globais, desde 2005 houve 635 mil adultos em Portugal a concluírem o 9.o e o 12.o anos através de programas de reconhecimento, valorização e certificação de competências (RVCC), 463 mil a optarem por cursos
de formação de adultos e 10,5 mil a procurarem a formação modular.
O período entre 2007 e 2011 foi aquele que reuniu os valores mais significativos (mais de 50% do total dos últimos 20 anos), mas a partir de 2012 verificou-se uma queda justificada, de acordo com o estudo, pela crise económica e consequente desinvestimento em políticas educativas para esta faixa etária. Com o aparecimento do programa Qualifica, implementado pelo governo de António Costa, a curva voltou a subir, ainda que de forma lenta e gradual.
Apesar dos números, a autora do artigo identifica lacunas e desafios. Segundo Paula Guimarães, professora do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, as ofertas educativas para os adultos são formais e padronizadas, muito dependentes do financiamento europeu e com uma ligação muito forte às necessidades do mercado de trabalho. Em polos opostos, a dificuldade dos adultos de ingressarem no Ensino Superior, por um lado, e a falta de literacia da população, por outro, também se apresentam como entraves.