Moreira reitera que não pode impedir manifestações
Mariana Mortágua, líder do BE, diz que presidente da Câmara do Porto segue “narrativa da extrema-direita”
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, reiterou ontem que não tem poder para autorizar ou proibir manifestações, um direito consagrado na Constituição, e desafiou quem o critica a alterar a lei caso considere que esta está mal redigida.
“O presidente da Câmara não as pode impedir em circunstância alguma. Quem as pode impedir são as forças de segurança [PSP, GNR e Polícia Judiciária] se essas entenderem que há um risco para a propriedade privada e para a segurança pública”, sublinhou, à Lusa, na sequência de acusações da líder do BE, Mariana Mortágua.
A bloquista considera que Rui Moreira está “a optar pela narrativa da extrema-direita”, criticando o autarca por não ter impedido uma iniciativa do partido Ergue-te que decorreu ontem de manhã em frente à Junta do Bonfim, freguesia do Porto onde, no dia 4, ocorreram ataques a imigrantes. A ação do Ergue-te, no âmbito da campanha para as europeias, levou ao reforço do dispositivo da PSP na zona. No Campo 24 de Agosto, os discursos voltaram a centrar-se na imigração.
A iniciativa esteve na mira de Mariana Mortágua. “Eu lamento que o presidente da Câmara do Porto entre uma defesa intransigente desse Portugal,
PSP “avaliou bem”
Rui Moreira disse que contactou o comandante da PSP do Porto sobre a ação do Ergue-te e que lhe foi dito que a manifestação decorreu sem incidentes. Prova que “a PSP [ao autorizar a ação] avaliou bem”, referiu.
“Provocação”
“Naturalmente que eu considero que ter havido hoje [ontem] – ainda que não tenha tido nenhum impacto – uma manifestação do Ergue-te no Campo 24 de Agosto é, objetivamente, uma provocação”, disse o autarca.
desse Porto como uma cidade aberta, esteja a optar pela narrativa da extrema-direita. Só pode dizer que a lei não permite quem tentou alguma coisa para impedir a manifestação”, disse a líder do BE, que participou numa arruada na Feira da Senhora da Hora, em Matosinhos.
“ASSUNTO INCOMODA-ME”
Salvaguardando que se tivesse poder para tal travaria manifestações de extrema-direita, Moreira reiterou que não lhe cabe impedir ou autorizar esse tipo de ações.
“Há uma coisa que tem sido dita pela extrema-esquerda, mas também tem passado nas redes sociais, que a Câmara do Porto autorizou manifestações de extrema-direita. Este assunto incomoda-me porque se eu as pudesse impedir, impediria. Se estivesse dentro das minhas competências impedir uma manifestação de extrema-direita, impediria independentemente do circunstancialismo”, referiu.