“A falta de documentação preocupa muito”
O que justifica que Braga seja tão procurada por brasileiros?
A procura começou a ser mais forte a partir de 2017. Nessa altura, sobretudo até 2019, chegaram muitas famílias, com os pais reformados, que tinham estabilidade financeira e foram atraídas por uma cidade com qualidade de vida, com segurança e boa localização, além de boas escolas e a Universidade do Minho para poderem colocar os filhos.
E a partir daí criou-se toda a dinâmica que se seguiu?
O que acontece é que essas pessoas vieram, gostaram, estabeleceram-se e começaram a atrair outros, o que é fundamental. A partir de 2021, houve uma alteração, porque a criação do visto de procura de trabalho fez com que o perfil do imigrante tenha mudado, ou seja, passaram a chegar mais pessoas em busca de trabalho e com necessidade de suporte maior.
E a inserção é fácil, nomeadamente no mercado de trabalho?
Nem sempre. Há algumas pessoas bem qualificadas que vêm com determinadas expectativas, mas por vezes não se conseguem inserir na sua área de formação e acabam por ir para fábricas, para a restauração ou para a construção civil, onde têm um rendimento mais apertado. Hoje, em Braga, vemos brasileiros inseridos em todos os setores. Há médicos no Hospital de Braga, há professores na Universidade do Minho, há empreendedores, há pessoas a trabalhar na restauração, no comércio e nos serviços.
Quais são as grandes preocupações e dificuldades?
Atualmente é a questão da documentação, acima do trabalho e da habitação. A AIMA [Agência para a Integração Migrações e Asilo] não está a conseguir gerir todos os processos, há uma enorme sobrecarga. Este é um problema social grave. Muitos brasileiros entraram em Portugal com visto de trabalho, mas depois não conseguem os documentos, o que impacta em tudo o resto: não encontram trabalho, não têm número de utente de saúde, ficam com a vida travada. É urgente resolver.