Ex-treinador marcava sexo por WhatsApp para roubar prostitutas
Ministério Público acusa cinco agressores detidos pela PJ em novembro de 2023. Vítimas eram selecionadas no site de anúncios “Apartado X”
GRANDE PORTO Um grupo de cinco homens selecionava as vítimas através do site especializado “Apartado X”, onde as prostitutas anunciavam serviços sexuais. Fazendo-se passar por clientes, os suspeitos conseguiam entrar nos apartamento das mulheres, que assaltavam à mão armada. São estes os factos que o Ministério Público (MP) imputa aos cinco homens, de Gondomar, que vão começar a ser julgados, em breve, no Tribunal de São João Novo, no Porto. Um deles, atualmente em prisão domiciliária, é um ex-treinador-adjunto das camadas jovens de futebol do Leixões.
Segundo a acusação, entre junho e dezembro de 2022, os arguidos cometeram cinco roubos. “Acordaram entre si um plano para, em conjugação de esforços , subtraírem dinheiro e outros objetos de valor que encontrassem nas casas de pessoas do género feminino, na sua maioria de nacionalidade brasileira, que se dedicavam à prática da prostituição”, garante o MP. Ao todo, roubaram 1360 euros e uma máquina fotográfica avaliada em 800 euros.
O primeiro assalto foi cometido a 17 de junho de 2022, num apartamento da zona da Costa Cabral, no Porto. Um dos arguidos telefonou, através da aplicação de chamadas encriptadas WhatsApp, à vítima, alegando querer marcar um atendimento.
“Assim que aquele arguido logrou aceder ao interior da habitação, agarrou a ofendida pelo pescoço e arrastou-a para o quarto, única divisão que tinha a porta aberta, onde a manteve manietada, ao mesmo tempo que lhe dizia que queria dinheiro”, lê-se na acusação. Depois, três cúmplices também entraram no apartamento e remexeram a casa para encontrar 140 euros, que levaram.
SEQUESTRADA E AGREDIDA
Já a 8 de julho, foi na cidade de Gaia que o grupo atacou. Um dos arguidos ligou para a prostituta a marcar um serviço sexual e, quando chegou à casa, a vítima foi logo sequestrada e agredida. Ameaçada com uma arma de fogo, revelou que guardava 200 euros numa meia de uma sapatilha no armário. Na fuga, um dos arguidos deixou cair um telemóvel que foi apreendido pela Polícia Judiciária do Porto.
O ex-treinador Ricardo Turé não teve intervenção nos dois primeiros roubos, mas terá sido ele quem, fazendo-se passar por cliente, ligou à vítima a 28 de setembro. No apartamento, situado próximo da Rua de Latino Coelho, havia três mulheres que acabaram por ser roubadas por Turé e um cúmplice que a investigação não conseguiu identificar. Roubaram 440 euros.
As duas outras vítimas foram assaltadas, através do mesmo método, em novembro e dezembro, também no Porto.