Nunca houve tanta gente a ganhar mais de três mil euros líquidos por mês
Número de trabalhadores que acumulam dois empregos está em máximos também, ultrapassando já 262 mil casos. Subida do salário mínimo ajudou
RENDIMENTOS O salário médio líquido mensal registou, no primeiro trimestre deste ano, o maior aumento das séries do Instituto Nacional de Estatística (INE), uma subida de 6,3%, para 1090 euros por empregado. Os dados oficiais remontam ao início de 2011. Segundo o INE, este indicador salarial é o rendimento mensal auferido pelos trabalhadores por conta de outrem “depois da dedução do imposto sobre o rendimento, das contribuições obrigatórias dos empregados para regimes de Segurança Social e das contribuições dos empregadores para a Segurança Social”. É o dinheiro que, efetivamente, o empregado leva para casa ao final do mês.
E a puxar por esta média nacional estão, por exemplo, os empregados que mais ganham no país (ordenados superiores a três mil euros líquidos), grupo que hoje ascende a 62,4 mil pessoas, o maior da série do INE. Há dez anos, em 2014, eram menos de metade.
DOIS EMPREGOS
O valor do ordenado médio líquido também aumenta porque há cada vez mais gente a acumular dois empregos, grupo cuja dimensão atingiu, no primeiro trimestre, máximos das séries do INE.
São agora 262,4 mil os que revelam ter um segundo emprego. Trata-se do segundo maior valor da série a seguir aos 271 mil trabalhadores nessa mesma condição estimados no 2.º trimestre de 2023, estava o país em pleno período explosivo do turismo e de preparação para o megaevento que foi a Jornada Mundial da Juventude.
A necessidade ou opção por conciliar dois empregos é uma realidade que acontece, sobretudo, no setor dos serviços, onde os
REFERÊNCIAS 20% dos empregados
A subida do ordenado mínimo tem sido e continua a ser também ela crucial para o aumento de salários na economia, já que faz subir o nível geral. Atualmente, cerca de 20% dos trabalhadores ganham este mínimo definido pelo Governo em Concertação.
Dar sequência
O novo Governo diz que irá dar sequência ao que está acordado com sindicatos e patrões, mas mostra vontade de medir a execução do acordo e de lhe acrescentar pontos novos.
Salário médio
O Banco de Portugal considera que “após um aumento de 8% em 2023 [do salário mínimo], o salário médio da economia deverá crescer 4,4% em 2024 e 3,8% em 2025 e 2026”. horários são mais fragmentados, as relações de trabalho mais desreguladas e onde há mais precariedade.
Para aumentar o rendimento mensal, cerca de 224 mil empregados do setor dos serviços dizem ter uma segunda atividade remunerada. Ou seja, nos serviços estão concentrados 85% dos casos nacional de pessoas que acumulam dois trabalhos.
Segundo dados recolhidos pelo JN/DV junto do INE, na indústria podem encontrar-se mais 33 mil pessoas com dois empregos. Na agricultura haverá cinco mil casos, sendo praticamente residual.
ACORDO DE 2022
Nos últimos dois anos, a economia portuguesa, como outros países do mundo, foi confrontada com uma inflação muito alta e com uma subida de rompente nas taxas de juro. Em Portugal, a resposta surgiria em outubro de 2022 com a assinatura do Acordo de Rendimentos, que assumiu como uma das prioridades a melhoria dos rendimentos e dos salários.
O acordo definiu o aumento do salário mínimo nacional para os 820 euros em 2024 e um “reforço do referencial para a subida dos restantes salários dos 4,8% anteriormente previstos para 5%”.
Com o novo Governo, mantém-se a perspetiva de que os salários do privado possam subir 5% em termos nominais este ano e uma rota de subida para o salário mínimo até aos 900 euros em 2026.