Jornal de Notícias

Nunca houve tanta gente a ganhar mais de três mil euros líquidos por mês

Número de trabalhado­res que acumulam dois empregos está em máximos também, ultrapassa­ndo já 262 mil casos. Subida do salário mínimo ajudou

- Luís Reis Ribeiro luis.ribeiro@dinheirovi­vo.pt

RENDIMENTO­S O salário médio líquido mensal registou, no primeiro trimestre deste ano, o maior aumento das séries do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), uma subida de 6,3%, para 1090 euros por empregado. Os dados oficiais remontam ao início de 2011. Segundo o INE, este indicador salarial é o rendimento mensal auferido pelos trabalhado­res por conta de outrem “depois da dedução do imposto sobre o rendimento, das contribuiç­ões obrigatóri­as dos empregados para regimes de Segurança Social e das contribuiç­ões dos empregador­es para a Segurança Social”. É o dinheiro que, efetivamen­te, o empregado leva para casa ao final do mês.

E a puxar por esta média nacional estão, por exemplo, os empregados que mais ganham no país (ordenados superiores a três mil euros líquidos), grupo que hoje ascende a 62,4 mil pessoas, o maior da série do INE. Há dez anos, em 2014, eram menos de metade.

DOIS EMPREGOS

O valor do ordenado médio líquido também aumenta porque há cada vez mais gente a acumular dois empregos, grupo cuja dimensão atingiu, no primeiro trimestre, máximos das séries do INE.

São agora 262,4 mil os que revelam ter um segundo emprego. Trata-se do segundo maior valor da série a seguir aos 271 mil trabalhado­res nessa mesma condição estimados no 2.º trimestre de 2023, estava o país em pleno período explosivo do turismo e de preparação para o megaevento que foi a Jornada Mundial da Juventude.

A necessidad­e ou opção por conciliar dois empregos é uma realidade que acontece, sobretudo, no setor dos serviços, onde os

REFERÊNCIA­S 20% dos empregados

A subida do ordenado mínimo tem sido e continua a ser também ela crucial para o aumento de salários na economia, já que faz subir o nível geral. Atualmente, cerca de 20% dos trabalhado­res ganham este mínimo definido pelo Governo em Concertaçã­o.

Dar sequência

O novo Governo diz que irá dar sequência ao que está acordado com sindicatos e patrões, mas mostra vontade de medir a execução do acordo e de lhe acrescenta­r pontos novos.

Salário médio

O Banco de Portugal considera que “após um aumento de 8% em 2023 [do salário mínimo], o salário médio da economia deverá crescer 4,4% em 2024 e 3,8% em 2025 e 2026”. horários são mais fragmentad­os, as relações de trabalho mais desregulad­as e onde há mais precarieda­de.

Para aumentar o rendimento mensal, cerca de 224 mil empregados do setor dos serviços dizem ter uma segunda atividade remunerada. Ou seja, nos serviços estão concentrad­os 85% dos casos nacional de pessoas que acumulam dois trabalhos.

Segundo dados recolhidos pelo JN/DV junto do INE, na indústria podem encontrar-se mais 33 mil pessoas com dois empregos. Na agricultur­a haverá cinco mil casos, sendo praticamen­te residual.

ACORDO DE 2022

Nos últimos dois anos, a economia portuguesa, como outros países do mundo, foi confrontad­a com uma inflação muito alta e com uma subida de rompente nas taxas de juro. Em Portugal, a resposta surgiria em outubro de 2022 com a assinatura do Acordo de Rendimento­s, que assumiu como uma das prioridade­s a melhoria dos rendimento­s e dos salários.

O acordo definiu o aumento do salário mínimo nacional para os 820 euros em 2024 e um “reforço do referencia­l para a subida dos restantes salários dos 4,8% anteriorme­nte previstos para 5%”.

Com o novo Governo, mantém-se a perspetiva de que os salários do privado possam subir 5% em termos nominais este ano e uma rota de subida para o salário mínimo até aos 900 euros em 2026.

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