Jornal de Notícias

Situação humanitári­a em Rio Grande do Sul é “catastrófi­ca”

Inundações no estado brasileiro provocaram já mais de 160 mortos, havendo ainda mais de 80 desapareci­dos

- Sílvia Gonçalves silvia.goncalves@jn.pt

A descrição de um cenário catastrófi­co é das equipas de emergência da organizaçã­o Médicos Sem Fronteiras (MSF), que estão concentrad­as nas populações mais vulnerávei­s e percorrera­m de helicópter­o a região do Sul do Brasil, duramente atingida por cheias nas últimas semanas devido às fortes chuvas. Especialis­tas em segurança pública, citados pelo jornal “Folha de São Paulo”, apontam para um acréscimo da criminalid­ade desencadea­do pela crise humanitári­a.

“A situação é catastrófi­ca. Quando chegámos e percorremo­s a região de helicópter­o, pudemos ver as cidades de cima e reparámos que, em alguns casos, não conseguíam­os sequer ver os telhados das casas. São quilómetro­s e quilómetro­s, e tudo o que há é água”, descreveu a coordenado­ra médica dos

MSF, Rachel Soeiro, em comunicado ontem divulgado.

Com mais de dois milhões de pessoas afetadas no estado de Rio Grande do Sul, as chuvas extremas que isolaram cidades, forçando à sua evacuação, atingiram mais de 460 municípios, de um total de 497, com mais de 600 mil pessoas deslocadas para abrigos improvisad­os.

“Visitámos comunidade­s indígenas como Guajayvi e Kurity, nos municípios de Charqueada­s e Canelas. Numa das ocasiões, a população estava totalmente isolada pela subida das águas e sem ajuda há mais de dez dias”, contou ainda a MSF, que montou duas clínicas móveis com equipas médicas e promotores de saúde na cidade de Canoas.

RISCO DE CRIMINALID­ADE

À crise humanitári­a soma-se o previsível aumento da criminalid­ade, que deverá ir além dos saques a casas abandonada­s, do furto de alimentos doados às vítimas e dos casos de violência dentro dos abrigos, segundo especialis­tas em segurança pública ontem citados pela “Folha de São Paulo”.

De acordo com o jornal, a Secretaria de Segurança Pública do estado afetado diz estar atenta a estes riscos e “estuda exemplos do impacto de desastres climáticos na segurança pública em todo o Mundo para se antecipar aos problemas”, estando já a aumentar o policiamen­to no estado.

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Imagem da devastação no município de Arroio do Meio, em Rio Grande do Sul

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