“Se não tivesse saltado morria ali esmagado ou afogado”
Em 2018, valeu a Leonardo Vila-Franca o instinto de sobrevivência para escapar ao capotamento da máquina que conduzia
O dia 22 de junho de 2018 está gravado na memória de Leonardo Vila-Franca pelos piores motivos. Desde as seis da manhã que andava a trabalhar num souto em Lamas, aldeia de Macedo de Cavaleiros, quando às 9.20 horas, “inexplicavelmente”, sofreu um acidente de trator.
As sequelas ficaram-lhe no corpo. Passou a coxear e a usar uma canadiana. As marcas da alma não têm muletas e tenta não pensar nelas. “Andava a lavrar num terreno direito. Quando circulava numa rodeira, havia um falso na terra por causa da água da ribeira, que fez com que o veículo capotasse. Quando me apercebi que ia ter um acidente, consegui saltar. Tudo em segundos. Mal aterrei nas silvas, o trator apanhou-me com o guarda-lamas na anca”, contou ao JN.
O instinto de sobrevivência foi mais forte do que o pânico. “Se não tivesse saltado, ou morria esmagado pelo trator ou afogado na ribeira”, explicou Leonardo.
Apesar de ser um condutor experiente, o acidente aconteceu. “Não usava arco de segurança, porque o trator era anterior à legislação que determinou a obrigatoriedade, mas neste caso não me teria salvo”, considera.
RECUPERAÇÃO DOLOROSA
Como não andava sozinho, o socorro foi pedido rapidamente. “Estava lá o meu pai e outra pessoa e pediram ajuda. Fui transportado de helicóptero para o Hospital de Bragança”, referiu.
O diagnóstico era grave: “A anca completamente partida e hemorragias internas”. A recuperação foi lenta e dolorosa: “Fui sujeito a uma operação delicada para consolidar os ossos, foi-me aplicada uma prótese da anca e estive mais de dois meses no hospital deitado de costas, sem me poder mexer”. O trator foi trocado por outro, apesar de estar funcional. “Deixou má memória”, admitiu, mas ainda assim, acha que podia ter sido pior. “Tive sorte”, reconhece.