Mudança e liderança*
ALiderança pressupõe duas condições necessárias. Factores individuais natos. E a existência de uma Organização. Que factores psicológicos individuais?
Primeiro, uma Vontade para exercer a missão.
Só que, segundo, não basta vontade. A vontade tem de ser FORTE e traduzida em capacidade de trabalho. Como exige ainda capacidades intelectuais e culturais acima da mediania.
A liderança exige também uma Firmeza de Convições, à qual é indispensável uma formação ideológica robusta. E pressupõe uma grande Confiança da pessoa em si própria.
Imprescindível a capacidade de Concentração. Um líder distingue o principal do acessório. Não se perde em questões secundárias. Usando linguagem militar, define o “inimigo principal” e não gasta munições em
escaramuças.
Finalmente, não há líder sem Carisma.
O Carisma assenta em dois aspectos fundamentais: inequívoca demonstração de audácia e capacidade enorme para exercer sugestão sobre as massas humanas.
Mas, como disse, não há verdadeira liderança sem esta assentar numa Organização capaz.
A Organização tem de desenvolver a acção pretendida pela liderança. Esta fica comprometida quando, no interior da Organização, surgem desentendimentos, se vive em dúvidas constantes ou se consente o institucionalizar de divisões.
Por outro lado, a acção da Organização tem de ser desenvolvida com Profissionalismo em todos os momentos do seu funcionamento.
O medíocre é inimigo do sucesso, porque se satisfaz com a rotina.
Ora a diferenciação de funções no seio da Organização assenta na divisão de trabalho, na especialização em cada função e na competência de todos e de cada um. A vida intensa da Organização deve obedecer a oito itens: Amizade, Coerência, Diálogo, Disciplina, Trabalho, Lealdade, Desprendimento e Alegria.
Há que considerar ainda que a Organização, no meio em que está inserida, não só tem de se fazer sentir aí, como também ser sentida como indispensável.
A República Portuguesa padece de um sistema político-constitucional caduco e inadequado, pelo que é necessário mudá-lo.
O Papa Francisco disse no Paraguai: “Um Povo que não mantém vivas as suas preocupações, um Povo que vive na inércia de uma situação passiva, é um Povo morto”. Veja-se o assistencialismo actual que mantém ou aumenta a pobreza, à custa do empobrecimento da Classe Média.
A burguesia, ao contrário do que apregoa o fascismo comunista, não é uma situação económica, mas um estado pessoal sócio-cultural. Inclusive, um estado de receio ante o maior ou menor risco que MUDAR implica.
A História das Nações, comunidades ou grupos está cheia da perda de OPORTUNIDADES IRREPETÍVEIS, porque as pessoas deixaram-se vencer pelo receio, pelo medo de mudar.
A mudança exige liderança.
Uma liderança que motive ou convença as Nações, as sociedades ou qualquer grupo. Simultaneamente valorizando as vantagens de mudar e sabendo demonstrar que, em proporção, os respectivos riscos não são significativos, ou são até quase inexistentes.
Mas a liderança não é só para efeitos de mudança. É também necessária em Estabilidade, embora, seja mais visível quando se trata de promover mudanças.
A liderança capaz também é indispensável nas situações de Estabilidade DINÂMICA. É que a Estabilidade, numa sociedade, tem de ser Dinâmica para que se possa e se deva traduzir em mudanças que aperfeiçoam e consolidam o seu próprio modelo. O qual, desta forma, assim se reforça. Caso da luta por mais Autonomia.
Numa estabilidade sem Dinâmica, sem dinamismo, não há de facto liderança. O que existe é rotina, burocratização das hierarquias.
Finalmente, a questão das falsas lideranças.
Há a chamada “liderança mito” ou de fachada, através da utilização de uma figura meramente simbólica, mas que não comanda os acontecimentos, haja ou não mudanças. Trata-se de um meio de enganar a população-alvo, seja esta uma Nação, sociedade ou grupo.
Outra falta liderança é a “liderança espectáculo”. Propaganda inócua que não conduz a qualquer mudança substancial. É utilizada como “último fôlego” nos sistemas anti-mudança, como é o caso da República Portuguesa, condenados porque sem solução.
Em CONCLUSÃO:
I. Hoje, a MUDANÇA é necessária e inadiável em Portugal:
• Temos de sair de um Situacionismo em que o Relativismo é utilizado habilmente para destruir a vivência coerente dos Valores e dos Princípios que são pilares da Nação e das Liberdades democráticas.
• O Relativismo ou post-modernismo foi também usado habilmente, com a cumplicidade da pseudo”esquerda”, para DESREGULAR os sistemas financeiros e nos arrastar para modelos políticos meramente economicistas, contabilísticos, subjugados aos grandes interesses internacionais e contra o Primado da Pessoa Humana. Modelos esses cuja propriedade dos meios de comunicação social e consequente propaganda dolosa, nos obstaculizam novas alternativas possíveis e mais humanistas.
• As mudanças são possíveis, em Portugal desde que se avance para um novo modelo de organização político-social. Inteligentemente regulado através de MELHOR ESTADO, prioritário em relação à velha discussão do se “mais” ou se “menos” Estado. Em que se deixe, quer a Criatividade Político-cultural democrática, quer a criatividade económica SÉRIA, nos libertarem dos actuais espartilhos constitucionais, como o colonialismo sobre as Regiões insulares. Instaurando-se o primado da Pessoa Humana sobre o Estado e sobre o indivíduo considerado isoladamente; substituindose o corporativismo vigente pelo desenvolvimento da concretização do Bem Comum; implantando-se a transparência democrática (ver “Relatório de Combate”, págs 820 a 840).