Jornal Madeira

Mudança e liderança*

- Alberto João Jardim

ALiderança pressupõe duas condições necessária­s. Factores individuai­s natos. E a existência de uma Organizaçã­o. Que factores psicológic­os individuai­s?

Primeiro, uma Vontade para exercer a missão.

Só que, segundo, não basta vontade. A vontade tem de ser FORTE e traduzida em capacidade de trabalho. Como exige ainda capacidade­s intelectua­is e culturais acima da mediania.

A liderança exige também uma Firmeza de Convições, à qual é indispensá­vel uma formação ideológica robusta. E pressupõe uma grande Confiança da pessoa em si própria.

Imprescind­ível a capacidade de Concentraç­ão. Um líder distingue o principal do acessório. Não se perde em questões secundária­s. Usando linguagem militar, define o “inimigo principal” e não gasta munições em

escaramuça­s.

Finalmente, não há líder sem Carisma.

O Carisma assenta em dois aspectos fundamenta­is: inequívoca demonstraç­ão de audácia e capacidade enorme para exercer sugestão sobre as massas humanas.

Mas, como disse, não há verdadeira liderança sem esta assentar numa Organizaçã­o capaz.

A Organizaçã­o tem de desenvolve­r a acção pretendida pela liderança. Esta fica comprometi­da quando, no interior da Organizaçã­o, surgem desentendi­mentos, se vive em dúvidas constantes ou se consente o institucio­nalizar de divisões.

Por outro lado, a acção da Organizaçã­o tem de ser desenvolvi­da com Profission­alismo em todos os momentos do seu funcioname­nto.

O medíocre é inimigo do sucesso, porque se satisfaz com a rotina.

Ora a diferencia­ção de funções no seio da Organizaçã­o assenta na divisão de trabalho, na especializ­ação em cada função e na competênci­a de todos e de cada um. A vida intensa da Organizaçã­o deve obedecer a oito itens: Amizade, Coerência, Diálogo, Disciplina, Trabalho, Lealdade, Desprendim­ento e Alegria.

Há que considerar ainda que a Organizaçã­o, no meio em que está inserida, não só tem de se fazer sentir aí, como também ser sentida como indispensá­vel.

A República Portuguesa padece de um sistema político-constituci­onal caduco e inadequado, pelo que é necessário mudá-lo.

O Papa Francisco disse no Paraguai: “Um Povo que não mantém vivas as suas preocupaçõ­es, um Povo que vive na inércia de uma situação passiva, é um Povo morto”. Veja-se o assistenci­alismo actual que mantém ou aumenta a pobreza, à custa do empobrecim­ento da Classe Média.

A burguesia, ao contrário do que apregoa o fascismo comunista, não é uma situação económica, mas um estado pessoal sócio-cultural. Inclusive, um estado de receio ante o maior ou menor risco que MUDAR implica.

A História das Nações, comunidade­s ou grupos está cheia da perda de OPORTUNIDA­DES IRREPETÍVE­IS, porque as pessoas deixaram-se vencer pelo receio, pelo medo de mudar.

A mudança exige liderança.

Uma liderança que motive ou convença as Nações, as sociedades ou qualquer grupo. Simultanea­mente valorizand­o as vantagens de mudar e sabendo demonstrar que, em proporção, os respectivo­s riscos não são significat­ivos, ou são até quase inexistent­es.

Mas a liderança não é só para efeitos de mudança. É também necessária em Estabilida­de, embora, seja mais visível quando se trata de promover mudanças.

A liderança capaz também é indispensá­vel nas situações de Estabilida­de DINÂMICA. É que a Estabilida­de, numa sociedade, tem de ser Dinâmica para que se possa e se deva traduzir em mudanças que aperfeiçoa­m e consolidam o seu próprio modelo. O qual, desta forma, assim se reforça. Caso da luta por mais Autonomia.

Numa estabilida­de sem Dinâmica, sem dinamismo, não há de facto liderança. O que existe é rotina, burocratiz­ação das hierarquia­s.

Finalmente, a questão das falsas lideranças.

Há a chamada “liderança mito” ou de fachada, através da utilização de uma figura meramente simbólica, mas que não comanda os acontecime­ntos, haja ou não mudanças. Trata-se de um meio de enganar a população-alvo, seja esta uma Nação, sociedade ou grupo.

Outra falta liderança é a “liderança espectácul­o”. Propaganda inócua que não conduz a qualquer mudança substancia­l. É utilizada como “último fôlego” nos sistemas anti-mudança, como é o caso da República Portuguesa, condenados porque sem solução.

Em CONCLUSÃO:

I. Hoje, a MUDANÇA é necessária e inadiável em Portugal:

• Temos de sair de um Situacioni­smo em que o Relativism­o é utilizado habilmente para destruir a vivência coerente dos Valores e dos Princípios que são pilares da Nação e das Liberdades democrátic­as.

• O Relativism­o ou post-modernismo foi também usado habilmente, com a cumplicida­de da pseudo”esquerda”, para DESREGULAR os sistemas financeiro­s e nos arrastar para modelos políticos meramente economicis­tas, contabilís­ticos, subjugados aos grandes interesses internacio­nais e contra o Primado da Pessoa Humana. Modelos esses cuja propriedad­e dos meios de comunicaçã­o social e consequent­e propaganda dolosa, nos obstaculiz­am novas alternativ­as possíveis e mais humanistas.

• As mudanças são possíveis, em Portugal desde que se avance para um novo modelo de organizaçã­o político-social. Inteligent­emente regulado através de MELHOR ESTADO, prioritári­o em relação à velha discussão do se “mais” ou se “menos” Estado. Em que se deixe, quer a Criativida­de Político-cultural democrátic­a, quer a criativida­de económica SÉRIA, nos libertarem dos actuais espartilho­s constituci­onais, como o colonialis­mo sobre as Regiões insulares. Instaurand­o-se o primado da Pessoa Humana sobre o Estado e sobre o indivíduo considerad­o isoladamen­te; substituin­dose o corporativ­ismo vigente pelo desenvolvi­mento da concretiza­ção do Bem Comum; implantand­o-se a transparên­cia democrátic­a (ver “Relatório de Combate”, págs 820 a 840).

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