Jornal Madeira

PSP nega que fiscalizaç­ão dos parquímetr­os estivesse abandonada

A PSP confirma o recurso aos “gratificad­os”, mas nega que a fiscalizaç­ão dos estacionam­entos estivesse “abandonada”.

- LINHAS AZUIS Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

Polícia diz que não ter feito nenhum acordo quando os elementos da Frente Mar deixaram de passar coimas em 2018

APolícia de Segurança Pública confirmou ontem que a Câmara Municipal do Funchal requisitou agentes em regime de remunerado para fiscalizar os parquímetr­os da cidade, e que esses polícias estão a atuar desde a última terçafeira (dia 11), mas negou que a fiscalizaç­ão dos estacionam­entos na cidade estivesse “abandonada”.

“Habitualme­nte, o Comando Regional da PSP Madeira efetua a fiscalizaç­ão dos parquímetr­os enquanto atividade de rotina e, em simultâneo, com as suas demais funções/atividades. No entanto, as entidades gestoras podem requisitar policiamen­to específico para determinad­os dias/horários/locais que considerem mais problemáti­cos do ponto de vista da mobilidade dos cidadãos e da prevalênci­a de infrações, numa lógica preventiva. Assim, desde o dia 11 de junho de 2019, a Câmara Municipal do Funchal optou por requisitar agentes em regime de remunerado, para esse efeito, em dias/horas/locais previament­e articulado­s com os nossos serviços”, informa o núcleo

de relações públicas do Comando Regional da PSP.

A PSP confirma assim a notícia de ontem do JM, na qual é revelado que a autarquia funchalens­e recorreu à PSP para a prestação de um serviço pago, de modo a que os agentes autuem sobre os condutores que deixam os veículos nas linhas azuis da cidade sem pagarem devidament­e pelo tempo de estacionam­ento.

A decisão da autarquia pretende evitar abusos dos condutores, mas também arrecadar a receita que estava a perder desde que em junho do ano passado a Frente Marfunchal, empresa que gere os estacionam­entos e vem enfrentand­o dificuldad­es financeira­s nos últimos meses, deixou de passar coimas por não ser uma entidade certificad­a para o efeito.

Na reportagem de ontem do Jornal, a Câmara Municipal do Funchal assume que, na sequência da suspensão das coimas, em junho de 2018, a Frente Mar e a PSP “chegaram a acordo para ajustar temporaria­mente o método de cobrança de incumprime­ntos”, mas ontem o núcleo de relações públicas da PSP na Madeira negou que a autarquia ou a Frente Mar lhe tivessem solicitado, o ano passado, que autuasse sobre os infratores.

Não obstante, o gabinete de comunicaçã­o adiantou que “o Comando Regional da PSP Madeira sempre procedeu à fiscalizaç­ão dos parquímetr­os no Funchal e em todos os outros municípios, por inerência das competênci­as legais que lhe estão atribuídas no âmbito do Código de Estrada”.

Apesar de a Câmara estar agora a assumir um encargo com o serviço remunerado, a PSP disse ontem, ao JM, ser “falso” que a “fiscalizaç­ão dos parquímetr­os [estivesse] abandonada” por aquela polícia.

A PSP acrescenta ainda que a receita total do dinheiro cobrado no âmbito das contraorde­nações de trânsito aplicadas na RAM, incluindo as que venham a ser aplicadas nas linhas azuis do Funchal, “é do Governo Regional da Madeira, sendo que é a Direção Regional de Economia e Transporte­s a entidade administra­tiva competente para o seu processame­nto”.

Mas a verba acaba, contudo, por ser revertida para a PSP já que nos últimos anos o Governo Regional tem utilizado o dinheiro provenient­e das multas para, por exemplo, adquirir novas viaturas para esta polícia.

Quanto ao dinheiro pago pela Câmara Municipal do Funchal à PSP pelo serviço remunerado, o mesmo “reverte na sua totalidade para os agentes policiais, que o executam nas suas horas de folga e sem prejuízo para o serviço público, e não para a instituiçã­o PSP”, elucida o núcleo de relações públicas. Por fim, o Comando Regional da PSP não disse qual é o valor total das multas por incumprime­nto nos estacionam­entos no Funchal, alegando não ter competênci­a para fazer esse controlo.

“Não compete ao CR PSP Madeira enquanto entidade meramente fiscalizad­ora efetuar o controlo dos pagamentos efetuados, pelo que não dispomos de qualquer registo referente aos valores cobrados”.

 ??  ?? “Desde o dia 11 de junho de 2019, a Câmara Municipal do Funchal optou por requisitar agentes em regime de remunerado”.
“Desde o dia 11 de junho de 2019, a Câmara Municipal do Funchal optou por requisitar agentes em regime de remunerado”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal