Diocese faz justiça 42 anos depois
Acabou a suspensão decretada em 1977 ao padre Martins Júnior. Quatro meses depois de tomar posse como bispo do Funchal, D. Nuno Brás revogou o decreto com 42 anos. Horas depois, havia festa na igreja da Ribeira Seca.
Quatro meses depois de chegar ao Funchal, D. Nuno Brás revoga decreto de suspensão do padre Martins Júnior
Obispo do Funchal decretou ontem o fim da suspensão do padre Martins Júnior. A decisão de D. Nuno Brás veio também com a nomeação do sacerdote como administrador paroquial da Ribeira Seca.
A notícia chegou pelas 20h00 deste domingo. Sem que nada o fizesse prever, a Diocese emitiu um simples comunicado na sua página na rede social Facebook. Um simples comunicado de apenas dez linhas que anula uma decisão com 42 anos.
O JM sabe que ontem mesmo houve um encontro entre o bispo do Funchal e o sacerdote de Machico, mas todo o processo foi tratado com a maior discrição. Essa atitude foi reconhecida já ontem à noite pelo próprio D. Nuno Brás. Em declarações exclusivas ao JM, o chefe da Igreja Católica na Madeira reconheceu que esta decisão está em linha com o que defendeu à chegada à Madeira em diversas oportunidades, incluindo na primeira entreentretanto,
vista que deu na Região, ao JM e à rádio 88.8. Desde essa altura ficou claro que todos os casos polémicos seriam tratados diretamente com os protagonistas e longe de qualquer mediatismo.
Foi isso que aconteceu em relação a este caso que se arrasta desde 1977, quando o então bispo do Funchal Francisco Santana “decretou a suspensão a divinis do Ver.do Padre Martins Júnior”, recorda a Diocese. Desde esse tempo fortemente marcado por posições políticas que o sacerdote de Machico ficou afastado da hierarquia da Igreja. Afastado, mas não muito. Apesar das várias tentativas para o impedir de chegar à sua paróquia da Ribeira Seca, durante estas quatro décadas Martins Júnior manteve-se firme e nunca deixou o altar, mesmo que ostracizado e não reconhecido formalmente. E contou sempre com a presença dos fiéis que o acompanharam ao longo destes anos.
passaram pela Diocese do Funchal outros dois bispos. Primeiro D. Teodoro de Faria, depois D. António Carrilho, que esteve à frente da Diocese ao longo da última década. Nem um, nem outro alteraram a decisão de Francisco Santana. E sempre fugiram do tema que tem estado adormecido entre a sociedade portuguesa, apesar de um ou outro apontamento na comunicação social.
Então o que mudou agora? Aparentemente apenas o entendimento do novo bispo. Pouco tempo depois de chegar ao Funchal (tomou posse faz hoje justamente quatro meses), D. Nuno Brás deitou por terra uma decisão com 42 anos e com muitas críticas de vários quadrantes, mesmo no interior da Diocese.
Nas curtas palavras que prestou ontem ao JM (que pode ouvir ao longo da manhã informativa de hoje na rádio JM FM) Nuno Brás explica como foi feito esse caminho que resultou na revogação do decreto de 1977.