Alterações climáticas: a “silly season” que dura o ano todo
Sobre a mobilidade, mais uma série de ilusões, desde ferrys a modelo da mobilidade aérea que a serem possíveis, porque não foram já aceites pelo governo no retângulo?
Podia voltar a falar da abstenção, que crassa a democracia de sobremaneira e que podia ganhar eleições sem fazer campanha nem ter objetivos ideológicos. Podia falar da emergência de movimentos transmutados em partidos, que se debruçam apenas sobre áreas específicas (ainda que relevantes), alheados das outras áreas essenciais à existência humana, mas que ainda assim são considerados vencedores e elegíveis para efeitos de “Pangingonça”.
Podia falar da saída extemporânea de figuras que usaram tronos transitórios com intuito propagandísticos e que só “desalaparam” na decorrência dos (pobres) resultados obtidos.
Podia falar de ansiosas assunções
ao trono de quem fez escolhas discutíveis para efeitos de executivo (eg. motivos pessoais) face à lista submetida ao eleitorado.
Podia falar do aparecimento de novas agências de viagens (inéditas) que oferecem viagens aos açores a um décimo da população do concelho (haja fartura) ou cruzeiros ao mediterrânio aos fregueses.
Poder, podia, mas não era a mesma coisa.
As alterações climáticas vão muito para além do que diz respeito a mudanças de temperatura, precipitação, nebulosidade e outros fenômenos climáticos.
Têm relevantes repercussões no panorama político regional, levando a que a “silly season” que ocorria apenas nos períodos estivais, se estenda por todo o ano num rodopio rocambolesco de pluviosidade acrescida de narrativas, factos, eventos e afins a que se dá enfase politico e se instrumentaliza para angariar o voto.
Desde que se iniciou o ano existem as narrativas sobre entidades desconhecidas e ausentes, vazias de conteúdo ou projeto. Sobre elas falei anteriormente, mas os trovadores persistem, tentando alcançar metas dignas do GOT, com informações interessantes como as parecenças físicas de X candidato ao respetivo avô, o uso de lentes de contacto, o facto da prima o achar um querido, o facto do primo nunca ter imaginado que seria político, residências, casamento, se joga futebol ou ténis… Um conjunto “fabulástico” de factos irrelevantes ao cargo que se candidata, num ramalhete de paisagens regionais com a música de “fazer lagartixa cair da parede”. A isto… agremiase “insta(gram), twiter e face” com o personagem da motoreta em cima do passeio ou em contramão.
Ideias, “cadê”? Ah: comprar por 75 milhões um hospital já feito ao invés de fazer um novo. Todos os hospitais na região são do estado… e só um “pret-a-porter” (que é do conhecimento público ter custado algo como 45 milhões…). Não estaremos já a ver um lucro 30 milhões limpinho? Contas!
Mais um contentor de 100 médicos (isso não disse por quanto, é pena!) mas faz um “mega mistério” (até 22 do corrente) para explicar o que ainda não conseguiu inventar para descalçar a bota.
Sobre a mobilidade, mais uma serie de ilusões, desde ferrys a modelo da mobilidade aérea que a serem possíveis, porque não foram já aceites pelo governo no retângulo? Grave a resposta: estratégia para agonizar os Madeirenses para lhe laçarem novamente os garrotes apertados, assim que incautos, lancem voto à urna.
De ideias malucas está o mundo cheio, cabe-nos não permitir que elas possam ser concretizadas e muito menos a nossas expensas, por candidatos manietados pelo terreiro do paço: aos ilhéus a sua autonomia, a sua autodeterminação, a concretização do seu futuro tendo em conta as suas mais prementes necessidades e prioridades, como só um ilhéu conhece. Ter a consciência de um caminho percorrido, das conquistas arduamente obtidas e ver (e bem, julgar e pensar) o seu futuro.
A “silly season atracou” na ilha neste ano de 3 eleições. Primeira fase já está superada (o mesmo não se pode dizer do resto do país… ). Faltam duas. Só há um contexto no qual é admissível: das revistas rosa, do tempo estival. Não pode alastrar ao ano inteiro a áreas de importância muito mais pragmática e relevante para os madeirenses.