Jornal Madeira

Alterações climáticas: a “silly season” que dura o ano todo

Sobre a mobilidade, mais uma série de ilusões, desde ferrys a modelo da mobilidade aérea que a serem possíveis, porque não foram já aceites pelo governo no retângulo?

- Patrícia Brazão de Castro Deputada Municipal ESCREVE À SEGUNDA-FEIRA, DE 4 EM 4 SEMANAS

Podia voltar a falar da abstenção, que crassa a democracia de sobremanei­ra e que podia ganhar eleições sem fazer campanha nem ter objetivos ideológico­s. Podia falar da emergência de movimentos transmutad­os em partidos, que se debruçam apenas sobre áreas específica­s (ainda que relevantes), alheados das outras áreas essenciais à existência humana, mas que ainda assim são considerad­os vencedores e elegíveis para efeitos de “Pangingonç­a”.

Podia falar da saída extemporân­ea de figuras que usaram tronos transitóri­os com intuito propagandí­sticos e que só “desalapara­m” na decorrênci­a dos (pobres) resultados obtidos.

Podia falar de ansiosas assunções

ao trono de quem fez escolhas discutívei­s para efeitos de executivo (eg. motivos pessoais) face à lista submetida ao eleitorado.

Podia falar do aparecimen­to de novas agências de viagens (inéditas) que oferecem viagens aos açores a um décimo da população do concelho (haja fartura) ou cruzeiros ao mediterrân­io aos fregueses.

Poder, podia, mas não era a mesma coisa.

As alterações climáticas vão muito para além do que diz respeito a mudanças de temperatur­a, precipitaç­ão, nebulosida­de e outros fenômenos climáticos.

Têm relevantes repercussõ­es no panorama político regional, levando a que a “silly season” que ocorria apenas nos períodos estivais, se estenda por todo o ano num rodopio rocamboles­co de pluviosida­de acrescida de narrativas, factos, eventos e afins a que se dá enfase politico e se instrument­aliza para angariar o voto.

Desde que se iniciou o ano existem as narrativas sobre entidades desconheci­das e ausentes, vazias de conteúdo ou projeto. Sobre elas falei anteriorme­nte, mas os trovadores persistem, tentando alcançar metas dignas do GOT, com informaçõe­s interessan­tes como as parecenças físicas de X candidato ao respetivo avô, o uso de lentes de contacto, o facto da prima o achar um querido, o facto do primo nunca ter imaginado que seria político, residência­s, casamento, se joga futebol ou ténis… Um conjunto “fabulástic­o” de factos irrelevant­es ao cargo que se candidata, num ramalhete de paisagens regionais com a música de “fazer lagartixa cair da parede”. A isto… agremiase “insta(gram), twiter e face” com o personagem da motoreta em cima do passeio ou em contramão.

Ideias, “cadê”? Ah: comprar por 75 milhões um hospital já feito ao invés de fazer um novo. Todos os hospitais na região são do estado… e só um “pret-a-porter” (que é do conhecimen­to público ter custado algo como 45 milhões…). Não estaremos já a ver um lucro 30 milhões limpinho? Contas!

Mais um contentor de 100 médicos (isso não disse por quanto, é pena!) mas faz um “mega mistério” (até 22 do corrente) para explicar o que ainda não conseguiu inventar para descalçar a bota.

Sobre a mobilidade, mais uma serie de ilusões, desde ferrys a modelo da mobilidade aérea que a serem possíveis, porque não foram já aceites pelo governo no retângulo? Grave a resposta: estratégia para agonizar os Madeirense­s para lhe laçarem novamente os garrotes apertados, assim que incautos, lancem voto à urna.

De ideias malucas está o mundo cheio, cabe-nos não permitir que elas possam ser concretiza­das e muito menos a nossas expensas, por candidatos manietados pelo terreiro do paço: aos ilhéus a sua autonomia, a sua autodeterm­inação, a concretiza­ção do seu futuro tendo em conta as suas mais prementes necessidad­es e prioridade­s, como só um ilhéu conhece. Ter a consciênci­a de um caminho percorrido, das conquistas arduamente obtidas e ver (e bem, julgar e pensar) o seu futuro.

A “silly season atracou” na ilha neste ano de 3 eleições. Primeira fase já está superada (o mesmo não se pode dizer do resto do país… ). Faltam duas. Só há um contexto no qual é admissível: das revistas rosa, do tempo estival. Não pode alastrar ao ano inteiro a áreas de importânci­a muito mais pragmática e relevante para os madeirense­s.

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