Montenegro quer ganhar para retirar o PSD do fundo
Luís Montenegro espera um apoio massivo dos militantes. Quer tirar o partido do segundo lugar a que foi ‘atirado’ nas eleições, salvaguardando a exceção da Madeira, que considera “um oásis no mundo do PSD”.
Luís Montenegro, candidato à presidência do PSD Nacional, fez sentir ontem aos militantes a crise em que o partido se encontra mergulhado, dizendo mesmo que “bateu no fundo” quando comparado com outros tempos áureos em que era líder e ganhava eleições.
“Que me recorde, da nossa história, nunca estivemos, simultaneamente, uma posição secundária nas freguesias (nós não temos hoje a maioria das Juntas de Freguesia do nosso País), nas Câmaras Municipais (não somos maioritários, não lideramos a Associação Nacional de Municípios), no Parlamento Europeu (não somos a maior força partidária) e na Assembleia da República (somos a segunda força). Já estivemos algumas vezes numa posição secundária nestas situações, mas nunca ao mesmo tempo, mas é nessa que nos encontramos hoje”, disse, pedindo aos militantes para refletirem acerca deste quadro.
Numa sessão de apresentação realizada num hotel da cidade, o candidato sublinhou que não é sua intenção assustar mas falar com “realismo” acerca do momento que o partido atravessa.
“Sobra-nos mesmo a liderança da Região Autónoma da Madeira, mas sabemos bem que não tem sido fácil aguentar durante tanto tempo um poder que tem se refletido em qualidade de vida das pessoas. Não é um combate fácil, como recentemente pudemos constatar, ainda que a Madeira seja um certo oásis no mundo do PSD, porque vencemos as eleições todas aqui”, salientou.
Momentos antes em conversa com os jornalistas, disse esperar um apoio massivo também na Madeira para “inverter o ciclo de definhamento” e fazer do PSD um partido ganhador nas autárquicas de 2021 e as legislativas de 2023. Antes de entrar na sala, o candidato esteve com elementos da JSD que, segundo disse, o sensibilizaram para questões como a mobilidade e a falta de residências universitárias.
Ao lado de Luís Montenegro estiveram Amílcar Gonçalves, coordenador da campanha na Região, e Cláudia Monteiro de Aguiar, como mandatária regional. A eurodeputada disse ter aceitado este desafio por considerar este o candidato “melhor posicionado”, relativamente a Rui Rio e Miguel Pinto Luz, para liderar o partido.
“É um homem corajoso, assertivo e próximo da juventude e um homem que, tenho a certeza, colocará o espírito de missão, os princípios e ideologia do PSD à frente de todo e qualquer interesse”, afirmou a mandatária.
Cláudia Monteiro de Aguiar diz ter conhecido o candidato na Assembleia da República, numa das épocas mais difíceis que o País atravessou. “Recebemos um País em pré-bancarrota vindo das mãos dos socialistas. Pedro Passos Coelho liderou o País durante esse tempo, mas foi no parlamento que o Luís se evidenciou e fez uma oposição com elevação. Enfrentou os socialistas com argumentos e com a frontalidade que o caracterizam e o levaram a chegar-se à frente ao dizer que a atual liderança do PSD não tinha uma estratégia promissora”, salientou.
A eurodeputada reconhece que “volvidos uns meses” a visão de Montenegro se revelou certa perante “um PSD que está muito aquém do que são os seus princípios basilares”.
Entre os militantes presentes, esteve Rui Abreu, antigo secretário-geral do PSD Madeira, que tem assumido nas redes sociais o apoio a Miguel Pinto Luz.