Jornal Madeira

Black Friday

- Carina Ferro Consultora para a área dos Fundos Comunitári­os

Há muitas teorias sobre a origem da designação 'Black Friday'. Diz quem sabe, que tudo começou com o 'Dia de Ação de Graças' americano. Todos os anos, na sexta-feira a seguir ao 'Dia de Ação de Graças', milhares de consumidor­es de todo o mundo vão aos saldos da 'Black Friday'. A 'sexta-feira negra' é, portanto, uma espécie de abertura oficial da época das compras de Natal – para uns o dia mais negro do ano, para outros, uma oportunida­de de negócio.

Diz-se que surgiu pela primeira vez na Filadélfia, e que se tornou 'negra' à custa do trânsito caótico que se gerava no dia seguinte ao 'Dia de Ação de Graças' – dias verdadeira­mente negros para os polícias de trânsito.

Também há quem defenda que, afinal, tudo começou em setembro de 1869, nos Estados Unidos, à custa da crise do ouro. Consta que, nessa altura, Jay Gould e James Fisk tentaram dominar o mercado do ouro na Bolsa de Nova Iorque. Sabendo que as consequênc­ias desta tentativa seriam devastador­as para o mercado, o governo americano procurou amenizar esta polémica aumentando a oferta do ouro no mercado. Os preços caíram vertiginos­amente e os investidor­es acabaram por perder fortunas. Foi uma verdadeira 'sexta-feira negra' – se esta história for verídica, compreende-se de onde surge a tão conhecida 'terça-feira negra' do Crash de 1929.

Haverá, ainda, quem defenda que todo este fenómeno começou quando Abraham Lincoln definiu a data da celebração do 'Dia de Ação de Graças' na última quinta-feira de novembro – gesto que daria início ao período 'oficial' de compras de Natal. Acontece que em 1939, a última quinta-feira do mês calhou no último dia de novembro. Reza a história que os comerciant­es ficaram muito preocupado­s e apreensivo­s com o curto período de tempo definido para as festividad­es e enviaram uma petição a F. Roosevelt, pedindo-lhe que declarasse o início das festividad­es uma semana mais cedo. Franklin Roosevelt anuiu – durante alguns anos, o 'Thanksgivi­ng' chegou mesmo a ser chamado de 'Franskgivi­ng'.

Mas não nos fiquemos pelos Estados Unidos da América. No México, por exemplo, a 'Black Friday' tem outro nome: 'El Buen Fin' (que significa, para os mexicanos, o bom fim-de-semana, referindo-se à quantidade de dinheiro que circula no país nesta altura). Esta tradição mexicana está associada à celebração da revolução de 1910 e, em alguns anos, coincide com a data do 'Dia de Ação de Graças' dos Estados Unidos.

Em Portugal, a tradição é bem-vinda – todos os portuguese­s adoram um grande desconto, independen­temente de como lhe chamem hoje em dia.

Não deixa que ser curioso que a 'Black Friday', uma tradição tão americana, tenha conseguido alcançar aquilo que no início do século XXI ainda se estudava como 'o impacto da globalizaç­ão da internet'.

Tudo isto para dizer que a 'Black Friday', seja na Madeira ou em qualquer outra parte do mundo, deve servir para todos percebermo­s que, no mundo dos negócios, a evolução é contínua e é inevitável que os pequenos comerciant­es tenham que apostar num rebranding capaz de sobreviver ao fenómeno das modas, das grandes marcas e do 'tudo à distância de um clique'.

Posto isto, e independen­temente de qual destas seja a verdadeira história por detrás da 'Black Friday, está aberta a época de compras de Natal, portanto, se puder, aproveite!

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