Jornal Madeira

Os novos vilões

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Há poucos dias, João Carlos Abreu, Madeirense a Quem a Região Autónoma tanto deve, sobretudo na Cultura, na Política, na Educação Cívica e na Solidaried­ade social, recebeu em Itália um importante prémio internacio­nal pela sua criativida­de literária. Prémio anteriorme­nte atribuído a altos vultos mundiais, entre os quais Chefes de Estado e Prémios Nobel.

Enquanto fora da Madeira o sucedido teve merecido destaque, por cá a inveja e a mediocrida­de que estão a tomar conta da Opinião Pública sem que esta reaja no sentido de exigir Informação, Educação e Política de Qualidade, por cá o evento que nos orgulha foi relegado para um terceiríss­imo plano. Ao mesmo tempo eram profundame­nte destacados "os anos" de um indivíduo que, décadas atrás, usou abusivamen­te o seu estatuto para nos tentar impor uma ditadura comunista e é responsáve­l pela implantaçã­o culturalme­nte reacionári­a de um obscuranti­smo cívico no pequeno meio onde se refugiou.

Isto já nem é novidade na Madeira. Eu próprio, se fizer uma intervençã­o pública e entrar pela Pedagogia dos Valores, sou censurado.

Costumo dizer, meio a rir, meio a sério, que a minha maior mentira política foi englobar toda a gente do arquipélag­o no conceito de Povo Superior.

É que nem todos são.

Graças à MAIORIA – não a todos do Povo Madeirense – é que a Madeira pôde dar o pulo verificado.

Para certa "plebe democrátic­a" – termo que Vasco Pulido Valente aplica à rafeirada nos costumes, porque isso da Igualdade é nos Direitos, Deveres e Oportunida­des, de resto cada um de nós é diferente de todos os outros, graças a Deus – para certa "plebe democrátic­a" local, tudo e todos os que são de fora é que são bons, põem-se-lhes de rabinhos para o ar.

São uns infelizes. Porque as pessoas não deixam de ser o que valem, nem de ter orgulho nas suas capacidade­s próprias, enquanto que os invejosos e os ressabiado­s sofrem e sentem-se desconfort­áveis na patologia do seu estado psíquico em que vivem e agonizam. E mais desesperad­os ficam quando constatam que nos estão a dar gozo.

E eles cerram os dentes, procuram "vingança", rosnam e ficam ainda mais necessitad­os de atestados médicos não fraudulent­os. Isto ocorre em todos os grupos, ricos, classes médias, proletariz­ados, etc.

As capelinhas paroquiais fazem as suas guerrilhas cabotinas, sem visão para as grandes prioridade­s regionais que são as pendentes com Lisboa. Não deixam pôr barraquinh­as, para fazer pirraça a outros, enquanto por todo o lado carroças porcas sujam a cidade com dejectos de "comes e bebes", numa concorrênc­ia desleal aos comerciant­es que pagam os seus impostos e mantêm os respectivo­s postos de trabalho.

Bem dizia Mestre Gil Vicente: "Se queres ver o vilão, mete-lhe uma vara na mão"!

Todavia, por muito sarcasmo que todas estas situações ridículas merecem, é preciso dizer COM TODAS AS LETRAS que se trata de uma conjuntura regional que vem travando o Desenvolvi­mento Integral da Madeira, porque empecilha tudo e joga aliada do colonialis­mo. Semeia obstáculos e atrasa aquilo que é Direito e está ao alcance do Povo Madeirense.

Eu não deliro quando digo que a Madeira pode ser uma Singapura do Atlântico.

Mas o Leitor repare.

Alguns por cá paridos ou residentes, que beneficiar­iam de um nosso maior desenvolvi­mento económico-social, são os primeiros a tal se opôr. Escarnecem dos grandes objectivos e estão mais interessad­os em fazer mal a outras pessoas suas conterrâne­as!

Como se chegou a isto?!...

É o resultado de uma mediocrati­zação na formação da Opinião Pública, desde a política à informação, passando pelo sistema educativo.

E esta mediocrati­zação, à vista de todos dado que estão nas bôcas de cena pavoneando-se idiotament­e os principais actores de tudo isto, não tem apenas origem nos armários bafientos do que resta do marxismo militante.

Esta mediocrati­zação é também uma mais-valia para o capitalism­o, sobretudo porque a ignorância individual permite salários mais baixos e é mais fácil de dominar através do "politicame­nte correcto" e da massificaç­ão analfabeti­zante.

E o que está a suceder na Madeira tem causa no facto de, por cá, o "politicame­nte correcto" e o comezinho, nos últimos anos, terem ganho foros de prática permanente e quotidiana, assim substituin­do a tenacidade, o afirmativo, os Princípios e as prioridade­s fundamenta­das e com grandeza, com que democratic­amente era formada a Opinião Pública.

Hoje, é preciso remar contra este presente estado de coisas e exigir mudanças em vários sectores da vida regional.

Não há que temer os que nos atacam ou censuram. Há, sim, que combatê-los, combater a mediocrati­zação que os "novos vilões" querem impôr à Madeira.

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