Barraquinhas de conveniência
As lojas de conveniência são pequenos estabelecimentos comerciais para compras de última hora. A ‘barracada’ com as barraquinhas de Natal na Placa Central – que dominou as atenções durante quase toda a semana – também acabou por ser muito ‘conveniente’. Para todos os intervenientes, incluindo o ‘zé povinho’ que não tinha imaginado chegar a esta fase do ano com esta boa disposição em dose extra.
A paródia parecia ser muito conveniente à Câmara do Funchal, pois de facto estava na hora de colocar um travão a uma espécie de anarquia, com tanto negócio a prosperar sem as normais exigências a quem a eles se dedica. Conveniente também seria responder à letra, face aos incómodos causados na Assembleia Municipal do Funchal da última segunda-feira e com epílogo aprazado para o início da semana que aí vem.
Se o Governo Regional tem andado visivelmente atordoado com nomeações, ‘desnomeações’ e compassos de espera, esta seria a altura perfeita para tentar aumentar esse desnorte. Mas não pegou. Precisamente porque o Executivo se agarrou, firme e forte, à bandeira das barraquinhas para mostrar quem manda. Também muito conveniente. Há que (re)começar a ‘governar’ por algum lado.
No final da festa, perspetivando já a de 2020, obviamente que esta ‘barracada’ terá sido muito conveniente. Desde logo porque as barraquinhas não podem ser atribuídas às Lilis e às Lolocas só porque sim; não podem sujar a Placa Central dias a fio com os serviços da CMF submissos e obedientes tipo ‘Gata Borralheira’. Os negócios que funcionam o ano inteiro à volta das barraquinhas não podem funcionar apenas para WC de quem vai à Placa Central tomar umas ponchas e ouvir aquela amálgama de músicas, quase todas fora de época natalícia.
No final desta ‘loja’ de conveniências, algo que deve ser inconveniente: tal como em tantas outras matérias, a ‘barracada’ das barraquinhas trouxe ao de cima aquilo que nós, madeirenses, também somos especialistas, ou seja, a pequena-grande invejidade. Com a maior das facilidades, deduzimos e sentenciamos quanto é que cada ‘barraqueiro’ fatura e multiplicamo-lo sem complexos. E quase sempre esquecemos que, para crescer, foi necessário alguém semear e cuidar do crescimento – os mesmos que agora queremos fora das barraquinhas. Seria excelente que tudo já aparecesse feito, robusto e consubstanciado. Mas não é assim.
O Governo agarrou-se, firme e forte, à bandeira das barraquinhas para mostrar quem manda. Também muito conveniente. Há que (re) começar a ‘governar’ por algum lado.