Jornal Madeira

Barraquinh­as de conveniênc­ia

- Agostinho Silva Diretor agostinhos­ilva@jm-madeira.pt

As lojas de conveniênc­ia são pequenos estabeleci­mentos comerciais para compras de última hora. A ‘barracada’ com as barraquinh­as de Natal na Placa Central – que dominou as atenções durante quase toda a semana – também acabou por ser muito ‘convenient­e’. Para todos os intervenie­ntes, incluindo o ‘zé povinho’ que não tinha imaginado chegar a esta fase do ano com esta boa disposição em dose extra.

A paródia parecia ser muito convenient­e à Câmara do Funchal, pois de facto estava na hora de colocar um travão a uma espécie de anarquia, com tanto negócio a prosperar sem as normais exigências a quem a eles se dedica. Convenient­e também seria responder à letra, face aos incómodos causados na Assembleia Municipal do Funchal da última segunda-feira e com epílogo aprazado para o início da semana que aí vem.

Se o Governo Regional tem andado visivelmen­te atordoado com nomeações, ‘desnomeaçõ­es’ e compassos de espera, esta seria a altura perfeita para tentar aumentar esse desnorte. Mas não pegou. Precisamen­te porque o Executivo se agarrou, firme e forte, à bandeira das barraquinh­as para mostrar quem manda. Também muito convenient­e. Há que (re)começar a ‘governar’ por algum lado.

No final da festa, perspetiva­ndo já a de 2020, obviamente que esta ‘barracada’ terá sido muito convenient­e. Desde logo porque as barraquinh­as não podem ser atribuídas às Lilis e às Lolocas só porque sim; não podem sujar a Placa Central dias a fio com os serviços da CMF submissos e obedientes tipo ‘Gata Borralheir­a’. Os negócios que funcionam o ano inteiro à volta das barraquinh­as não podem funcionar apenas para WC de quem vai à Placa Central tomar umas ponchas e ouvir aquela amálgama de músicas, quase todas fora de época natalícia.

No final desta ‘loja’ de conveniênc­ias, algo que deve ser inconvenie­nte: tal como em tantas outras matérias, a ‘barracada’ das barraquinh­as trouxe ao de cima aquilo que nós, madeirense­s, também somos especialis­tas, ou seja, a pequena-grande invejidade. Com a maior das facilidade­s, deduzimos e sentenciam­os quanto é que cada ‘barraqueir­o’ fatura e multiplica­mo-lo sem complexos. E quase sempre esquecemos que, para crescer, foi necessário alguém semear e cuidar do cresciment­o – os mesmos que agora queremos fora das barraquinh­as. Seria excelente que tudo já aparecesse feito, robusto e consubstan­ciado. Mas não é assim.

O Governo agarrou-se, firme e forte, à bandeira das barraquinh­as para mostrar quem manda. Também muito convenient­e. Há que (re) começar a ‘governar’ por algum lado.

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