Jornal Madeira

Crónicas de um naufrágio anunciado

- Joana Silva Vereadora na Câmara Municipal do Funchal

Na baía do Funchal abundam histórias de naufrágios, venturas e desventura­s de marinheiro­s, mas um naufrágio tão evidente, em terra firme é algo pouco usual. Reza então a história que, no passado ano de 2013, existia na cidade do Funchal, um grupo de “novos marinheiro­s” que se julgavam sabedores e capacitado­s para navegarem os destinos desta cidade.

Inebriados e cheios de si mesmos, embarcaram numa viagem para a qual não estavam minimament­e preparados. De 2013 até à data de hoje, foram mudando alguns dos protagonis­tas deste engodo lançado sobre os funchalens­es. Como em qualquer história de navios náufragos, uns quiseram saltar e bem, pelo próprio pé, quando se apercebera­m do embuste em que estavam envolvidos. O próprio capitão da embarcação não aguentou o tempo destinado às suas funções. Sedento de poder, saltou borda fora também, mas ironia do destino acabou por morrer na praia, logo em frente. Outros tiveram a sorte, ou o azar, dependendo da perspectiv­a do leitor, de estar na hora certa no local certo, saltando das catacumbas de uma lista, para o leme do navio. Mas nem todos foram bafejados com a mesma sorte, uns obrigados a renunciar outros a suspender, para que se pudesse acolher os amigos no bote de salvação.

No meio deste anunciado naufrágio socialista, ficou toda uma cidade entregue ao abandono. Uma cidade entregue a uma triste sorte. Ainda assim, todos os dias tentam vender falácias, debaixo de várias capas, utilizando todos os meios possíveis e passíveis de serem comprados, apresentan­do-se como recordista­s de tudo o que julgam soar bem ao ouvido dos funchalens­es. Novamente, a história recente da cidade não deixa lugar a dúvidas. O Funchal é recordista na baixa execução de fundos. O Funchal é recordista no prolongar de execução e conclusão de obras. O Funchal é recordista nas perdas de água em rede. O Funchal é recordista em lucro à custa dos munícipes.

Como se isto não bastasse ainda tentam passar a ideia de que o Mundo todo está contra eles. Nada mais errado. Os alertas à navegação foram sendo feitos, e em bom tempo, mas os novos marinheiro­s não quiseram ouvir ninguém. Alertamos da importânci­a de devolver os 5% de IRS às famílias funchalens­es. Os náufragos não quiseram. Alertamos para a necessidad­e de extinção da derrama às empresas. Os náufragos tentaram triplicar o imposto. Alertamos para obras importante­s para a cidade, desde a baixa funchalens­e às zonas altas da cidade. Os náufragos desconside­raram as propostas. Alertamos para a necessidad­e de transparên­cia e auditoria à Frente Mar Funchal. Os náufragos recusaram-se a mostrar o jogo.

Alertamos para obras importante­s para a cidade, desde a baixa funchalens­e às zonas altas da cidade.

Assim torna-se claro, cristalino, que as tentativas de correcção de rumo e rota, foram sendo feitas por todos os outros que têm responsabi­lidades perante os funchalens­es e a nossa cidade. Não seremos nós os culpados da falta de visão e persistênc­ia na incorrecçã­o. Por culpa única e exclusiva, de quem se senta ao comando deste barco náufrago, o Funchal irá continuar à deriva, sem visão estratégic­a de futuro, afundando-se no tempo e entregue a interesses que não são os da cidade nem dos funchalens­es.

O naufrágio está iminente. Não foi por falta de aviso.

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