Jornal Madeira

Aquilo que todos devíamos saber

- ENTÃO, QUE TAL? Joana Gonçalves joanaisabe­lgoncalves@gmail.com

Atodos os homens que ainda não sabem – que eu acredito veemente que não sejam todos, porque ainda me resta esperança na humanidade. E, no meio de tanto mal, ainda existem bons exemplos do que é ser-se homem perante uma mulher.

Sejam crianças, adolescent­es, jovens, adultas ou idosas. Uma mulher é sempre uma mulher. Não importa a sua idade, a sua aparência, os traços do seu rosto. As curvas e contracurv­as dos seus corpos. A estatura, as gorduras, os ossos. A cor dos seus profundos olhos, a cor do cabelo, nem a cor da sua pele. Pouca importa como se vestem, como andam na rua, como sorriem ou como choram. Nada tem a ver a forma como falam, a maneira como afastam o cabelo do rosto, muito menos aquilo que achas que as mulheres te querem dizer quando olham para ti. Muitas vezes, não quer dizer nada. E do nada muitos malentendi­dos se podem originar.

Uma mulher é sempre uma mulher. É um ser humano, tal e qual como tu. Com sentimento­s, com alma, com vida. Cheia de sonhos e vontade própria. Mais livre de espírito do que de alma. Com antepassad­os cuja história sempre menosprezo­u, mas que ainda assim hoje conquistam o seu lugar no mundo a pouco e pouco. Uma mulher não é mais do que tu, que és homem. Mas também não é menos. No mundo perfeito, somos géneros iguais – com os mesmos direitos, os mesmos salários, o mesmo respeito. Mas nem toda a gente, nem a sociedade em si, exerce a lei da reciprocid­ade, nem do respeito ao próximo, o que por sua vez leva a que aconteçam situações extremas de abusos que por si só me repugnam. Só porque há quem se julgue superior ao outro, apenas porque a força física assim o permite.

Tu, que estás a ler isto e ainda não sabes, somos todos iguais. Na nossa essência, mesmo que o mundo não o reconheça. As mulheres que te rodeiam são como tu – feitas de carne, osso, de matéria que no fim da vida é lançada aos cosmos. Essas mulheres têm vida própria, carateríst­icas que as tornam independen­tes – e que belo é ver uma mulher independen­te, livre, dona de si. Com uma personalid­ade que é dela e que tu tens o direito de gostar ou não gostar, mas se não gostas não insistas em mudar algo em alguém que não tem de mudar por ti. Não insistas em impor a tua força física sobre ela, nem levantes a voz com palavras bruscas. Ninguém nesta vida deve ser perfeito, até porque a perfeição não existe, mas não te estou a pedir para o seres. Pratica a empatia com a mulher que dizes amar. Com a mulher que encontras na rua a precisar de ajuda, ou até mesmo a tua mãe que não tem culpa que a vida às vezes seja repleta de momentos maus. Se ainda não sabes, mas eu quero acreditar que saibas, os momentos menos bons devem ser partilhado­s com quem gostas, mas nunca os faças de saco de pancada, atirando ao ar o que o destino guarda em segredo.

Tu tens uma mãe e provavelme­nte mais mulheres na tua família que não gostarias de ver sofrer. A mulher que dizes que amas, mas que por vezes não respeitas, é filha de alguém. Irmã de alguém. Amiga de muitos outros. Ela não é tua, nem tu dela. São seres individuai­s com vontades independen­tes um do outro. Se estão juntos é porque agregam um ao outro, não porque te sabe bem chegar a casa e começar aos gritos... ou pior.

Por favor, nunca lhe roubes a vontade de viver quando ela te diz que quer voar mais alto. Quando te esqueceres do que te faz amar as mulheres que te rodeiam, para e pensa na verdadeira essência da vida. Sem violência, sem agressões verbais. Ninguém diz que amar é fácil, e muitas vezes não é o suficiente para manter uma relação, seja ela uma paixão, o amor de uma mãe, o amor de um filho ou o amor de uma amizade… mas se for para ser é na essência do simples que reside a mais genuína forma de amor.

Escrevo estas palavras ao vento, apanha-as quem as quiser, mas que nunca se esqueça que por amor... não vale tudo, nem uma ínfima nódoa negra, muito menos uma vida toda pela frente.

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