Hotel Porto Santa Maria condiciona acesso a zona pública
A promenade pública a sul do hotel Porto Santa Maria é encerrada todos os dias, durante a noite. Os condicionalismos que o grupo dono da unidade coloca estão a limitar a circulação na via pública. O hotel Porto Santa Maria, localizado na zona velha da cidade, está a condicionar diariamente a passagem de transeuntes em zona pública.
A segurança do hotel pertencente ao Grupo Portobay, controlado pelas famílias Blandy, Caldeira e Trindade, fecha e abre todos os dias um portão colocado na zona de promenade na Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses, impedindo que os cidadãos possam percorrer a totalidade do passeio público junto ao mar e chegarem próximo à Praia de São Tiago.
Nesse espaço delimitado pelo portão, o hotel, de quatro estrelas, tem instalada uma plataforma em madeira na área pública, onde funciona uma esplanada para os hóspedes da unidade, e outros clientes.
O fecho desse portão, que acontece diariamente entre as 23h00 e as 07h00, obriga a que quem esteja, por exemplo, a passear por essa zona da cidade junto ao mar, tenha de fazer um percurso alternativo, por exemplo, atravessando o Jardim do Almirante Reis até à Rua D. Carlos I, subindo para o Largo do Corpo Santo, percorrendo a sua extensão até chegar ao antigo museu de arte contemporânea, em São Tiago, para voltar a ver o mar. Em suma, tem de contornar toda a unidade.
O hotel tem vedações de segurança para proteger toda a área onde se encontra a unidade, mas mesmo assim a instalação do portão no passeio público estará relacionada com “questões de segurança”. Ao fechar o portão, a unidade não interrompe apenas a circulação de pessoas até ao fim da referida promenade, como também bloqueia o acesso oeste para a praia de calhau criada pelo Governo Regional, no âmbito da intervenção que deu lugar à Praça do Povo, projeto que tem na sua origem o entulho deixado pelos camiões que limparam o Funchal na aluvião do 20 de fevereiro de 2010.
Condiconalismos criados
O JM visitou o local e pôde constatar a presença do portão e do cadeado que é usado todos os dias entre as 23h00 e as 07h00 pelos seguranças da unidade.
Além deste condicionamento, há um outro que tem causado o incómodo de moradores. A estrada que atravessa a frente do hotel tem um outro portão, que também é encerrado diariamente, apesar do acesso servir como uma das passagens para todos quantos queiram chegar à zona do antigo museu ou da Praia de São Tiago.
Durante o dia, essa estrada é mantida aberta, embora alguns moradores e taxistas que ali passam muitas horas nos tenham dito que “nem sempre a segurança autoriza a passagem” de automóveis. Esse portão é fechado todas as madrugadas, a partir das 03h00, condicionando novamente os movimentos.
A estrada que atravessa a frente do hotel e que no Google Maps surge como a continuação da Rua D. Carlos I tem linhas amarelas que impedem o estacionamento de viaturas, e onde não há essas linhas estão colocadas correntes, que, na prática, impossibilitam também qualquer estacionamento. Há ainda partes dessa estrada que não só têm linhas amarelas como ainda estão colocadas cordas de amarração de navios, que poderão ser vistas como meio de embelezar o local ou como fator dissuasor, conforme a perspetiva.
Um dos taxistas com quem o JM falou disse ainda notar uma presença mais frequente de agentes da PSP no local, nos últimos dois meses.
Também Manuela Tremura, de 61 anos, e moradora na zona velha há 56 anos, confirma os condicionamentos que o encerramento do acesso tem causado aos cidadãos. Manuela Tremura foi uma das pessoas que já teve de fazer percursos alternativos para poder chegar ao seu automóvel, estacionado no largo ao fim da rua, sobretudo, durante o dia, quando a segurança fecha temporariamente o portão para que trabalhos relacionados com a atividade diária do hotel possam ter lugar.