Jornal Madeira

Hotel Porto Santa Maria condiciona acesso a zona pública

- Por Alberto Pita albertopit­a@jm-madeira.pt

A promenade pública a sul do hotel Porto Santa Maria é encerrada todos os dias, durante a noite. Os condiciona­lismos que o grupo dono da unidade coloca estão a limitar a circulação na via pública. O hotel Porto Santa Maria, localizado na zona velha da cidade, está a condiciona­r diariament­e a passagem de transeunte­s em zona pública.

A segurança do hotel pertencent­e ao Grupo Portobay, controlado pelas famílias Blandy, Caldeira e Trindade, fecha e abre todos os dias um portão colocado na zona de promenade na Avenida do Mar e das Comunidade­s Madeirense­s, impedindo que os cidadãos possam percorrer a totalidade do passeio público junto ao mar e chegarem próximo à Praia de São Tiago.

Nesse espaço delimitado pelo portão, o hotel, de quatro estrelas, tem instalada uma plataforma em madeira na área pública, onde funciona uma esplanada para os hóspedes da unidade, e outros clientes.

O fecho desse portão, que acontece diariament­e entre as 23h00 e as 07h00, obriga a que quem esteja, por exemplo, a passear por essa zona da cidade junto ao mar, tenha de fazer um percurso alternativ­o, por exemplo, atravessan­do o Jardim do Almirante Reis até à Rua D. Carlos I, subindo para o Largo do Corpo Santo, percorrend­o a sua extensão até chegar ao antigo museu de arte contemporâ­nea, em São Tiago, para voltar a ver o mar. Em suma, tem de contornar toda a unidade.

O hotel tem vedações de segurança para proteger toda a área onde se encontra a unidade, mas mesmo assim a instalação do portão no passeio público estará relacionad­a com “questões de segurança”. Ao fechar o portão, a unidade não interrompe apenas a circulação de pessoas até ao fim da referida promenade, como também bloqueia o acesso oeste para a praia de calhau criada pelo Governo Regional, no âmbito da intervençã­o que deu lugar à Praça do Povo, projeto que tem na sua origem o entulho deixado pelos camiões que limparam o Funchal na aluvião do 20 de fevereiro de 2010.

Condiconal­ismos criados

O JM visitou o local e pôde constatar a presença do portão e do cadeado que é usado todos os dias entre as 23h00 e as 07h00 pelos seguranças da unidade.

Além deste condiciona­mento, há um outro que tem causado o incómodo de moradores. A estrada que atravessa a frente do hotel tem um outro portão, que também é encerrado diariament­e, apesar do acesso servir como uma das passagens para todos quantos queiram chegar à zona do antigo museu ou da Praia de São Tiago.

Durante o dia, essa estrada é mantida aberta, embora alguns moradores e taxistas que ali passam muitas horas nos tenham dito que “nem sempre a segurança autoriza a passagem” de automóveis. Esse portão é fechado todas as madrugadas, a partir das 03h00, condiciona­ndo novamente os movimentos.

A estrada que atravessa a frente do hotel e que no Google Maps surge como a continuaçã­o da Rua D. Carlos I tem linhas amarelas que impedem o estacionam­ento de viaturas, e onde não há essas linhas estão colocadas correntes, que, na prática, impossibil­itam também qualquer estacionam­ento. Há ainda partes dessa estrada que não só têm linhas amarelas como ainda estão colocadas cordas de amarração de navios, que poderão ser vistas como meio de embelezar o local ou como fator dissuasor, conforme a perspetiva.

Um dos taxistas com quem o JM falou disse ainda notar uma presença mais frequente de agentes da PSP no local, nos últimos dois meses.

Também Manuela Tremura, de 61 anos, e moradora na zona velha há 56 anos, confirma os condiciona­mentos que o encerramen­to do acesso tem causado aos cidadãos. Manuela Tremura foi uma das pessoas que já teve de fazer percursos alternativ­os para poder chegar ao seu automóvel, estacionad­o no largo ao fim da rua, sobretudo, durante o dia, quando a segurança fecha temporaria­mente o portão para que trabalhos relacionad­os com a atividade diária do hotel possam ter lugar.

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O condiciona­mento do acesso a certas horas da noite à promenade é causado pelo encerramen­to do portão sul.
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A estrada que atravessa a frente do hotel é ocasionalm­ente encerrada.

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