Família ainda em choque
“Não, não quero! Não quero! Eu sei por que está aqui. Não quero!”, responde-nos a avó materna de Sofia Catarina Andrade de Oliveira, a menina que a 22 de fevereiro de 2004, com dois anos de vida acabadinhos de fazer, foi subtraída pelo pai, por volta das 20 horas e 45 minutos. Despachando a nossa reportagem e manifestando sinais de se estar a sentir mal, a senhora fecha-nos a porta, não sem antes pedir desculpa pela indisponibilidade. E de voz trémula conclui: “Ninguém sabe o que é este sofrimento!”.
Foi no cimo das escadinhas do Pico, freguesia de Câmara de Lobos, onde tivemos um encontro ‘relâmpago’ na quinta-feira com a avó materna da Sofia, que o drama começou a se desenhar.
Faz no próximo dia 22 deste mês 16 anos que Luís Encarnação, pescador de profissão e residente na mesma freguesia, arrancou Sofia Oliveira, sua filha, dos braços da mãe da criança, e companheira até à data. E rapidamente desceu, de uma assentada, descalço e com todo o fôlego que podia, os 49 degraus desta escadaria, passando pela Travessa das Escadinhas, descendo a Rua do Espírito Santo e apanhando, ali, no centro da cidade, um táxi com destino incerto. Até hoje.
Sabe-se que, depois, apanhou boleia de um familiar até aos Reis Magos, onde foi deixado pelas 21h30, sempre com a menina ao colo. Ali, residia uma irmã do pescador. A partir daí, de Sofia, nada. Mesmo nada. Até hoje.
Sofia, cuja foto ainda aparece no site da Polícia Judiciária (PJ) como uma das muitas pessoas desapare