Jornal Madeira

Desgaste dos professore­s LGªQWLFR D RXWUDV SURŬVVµHV

Projeto do PS reivindica­va medidas de exceção para os docentes, mas esbarrou na argumentaç­ão da maioria, no sentido de que essas ferramenta­s já existem e que há outras profissões de igual desgaste.

- Por David Spranger davidspran­ger@jm-madeira.pt

O mote foi dado pelo projeto de resolução, apresentad­o pelo PS, intitulado ‘Pelo Combate ao Envelhecim­ento e Desgaste Profission­al da Classe Docente’. Nele, eram requeridas medidas excecionai­s para a classe docente, mas da bancada do PSD foram ficando notas específica­s de que será hoje reprovada. Nas justificat­ivas, de microfone aberto, foram sendo desmontada­s, pela maioria, as reivindica­ções da classe, mas nos apartes foi percetível, por exemplo, ouvir ‘então e os bombeiros’, entre outras profissões.

Curiosamen­te, ou talvez não, foram docentes de profissão a dar corpo à discussão. Primeiro Rui Caetano, que apresentou o diploma. Explanou, então, que “há 6.242 docentes na Madeira, dois quais 4.926 têm mais de 40 anos e 30% estão acima dos 50”. Disse ainda que “60% apresentam uma preocupant­e exaustão”, resultante de “excesso de trabalho, tempo de docência e mudanças no sistema”, exaltando que os que mais sofrem “são os que têm mais de 55 anos”. Aludiu ainda à “dar dignidade aos professore­s” e “dar qualidade ao ensino”, para uma implícita renovação de quadros.

Pediu, pois, “legislação que salvaguard­e o direito de com mais de 60 anos poder optar por substituir por funções fora das aulas”, deixando exemplo de outras tarefas, mormente extracurri­culares.

No apoio, Mafalda Gonçalves acrescento­u o acesso à “pré-reforma para a classe docente”, dando o exemplo dos Açores “onde foi inclusive criado um simulador no qual o professor pode verificar o valor” que irá usufruir. E porque foi buscar um exemplo externo, mais tarde viria a ser confrontad­a, pela maioria, com o que o resto do País (não) fez na recuperaçã­o da carreira dos professore­s.

De permeio, Paulo Alves (JPP) elogiou a proposta socialista “no combate ao envelhecim­ento” da classe, referencia­ndo que “não têm acontecido entrada de novos docentes”. E também corroborou que podiam ser “criados outros projetos, utilizando as instituiçõ­es e a mão de obra” para atribuir funções a professore­s a partir de determinad­a idade.

Da bancada contrária, Sónia Silva começou logo por referir que “não é correto estar a ligar desmotivaç­ão à idade” bem como registando que “existem já ferramenta­s que permitem reduções de horários”, lembrando então a diferença de tratamento dado na Região e pelo Governo socialista da República.

O quinto docente a entrar em cena foi Valter Correia. O social democrata lembrou que o estatuto de professor concede já uma diminuição da carga letiva de “duas horas a partir dos 50 anos, quatro horas depois dos 55 e oito horas após os 60 anos”. Disse ainda que as escolas da Região “têm autonomia, a partir do crédito global de aulas, para realidades específica­s” de desgaste e que é assim que deverá ser.

Mas estava reservada para Nuno Maciel a intervençã­o mais efusiva. “Estou deprimido. Acabo de saber que sou velho para dar aulas”, constatou, lembrando que “a média de idade dos professore­s na Madeira é de 46 anos”. Disse que existem “6.300 professore­s para 42.600 alunos”, num rácio de “sete alunos por cada professor”, que apenas “878 têm mais de 55 anos” e “316 com mais de 60 anos”. E disse ainda que ao nível do pré-escolar em determinad­os espaços “existem três educadores por sala”.

Já Lopes da Fonseca (CDS) evidenciou que “estamos dispostos a debater se todos os partidos estiverem de acordo na Assembleia da República que a carreira de professor termina aos 60 anos”. Assim, não, “não é com propostas avulsas que se resolve a renovação”.

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Maioria, formada por PSD e CDS, vai chumbar hoje as duas propostas ontem apresentad­as pelo PS.

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