Jornal Madeira

O que é uma ideologia?

- Élia Ascensão

Acredito na juventude e creio que, quem ocupa qualquer cargo de gestão, deve ouvir os mais jovens. Mas o acreditar e respeitar a juventude não pode ser feito num quadro de condescend­ência, nem de aceitação ou desculpabi­lização do género "porque são jovens."

Vem isto a propósito das declaraçõe­s do novo presidente da Comissão Política Concelhia da Juventude Popular de Santa Cruz. Mal tomou posse, Marco António Teles prometeu um combate ao fantasma "sem ideologia" que aprisiona Santa Cruz".

Não sei o que o jovem centrista entende por ideologia. Nem sei muito bem qual a ideologia do CDS. Se for pela prática governativ­a que tem vindo a demonstrar na coligação com o PSD no Governo Regional da Madeira, acredite, caro jovem, que a ideologia do JPP está a anos luz da ideologia do seu CDS. É que a ideologia mais visível do seu CDS tem sido a do lugarzinho, do tachinho, da negociataz­inha para o carguinho, numa escalada de nomeações que envolve os da linha da frente e até os familiares. Todos, sem exceção, sentados confortave­lmente à mesa do poder.

Sim, a nossa ideologia é diferente e, para que conste, não temos fantasmas que nos assombrem a consciênci­a.

Ideologia fantasma é aquela que o partido do meu caro jovem tem vindo a exercer. Ou seja, uma ideologia que matou os princípios do seu partido, transforma­ndo-os em meros fantasmas, porque o que importa é servir a clientela política, o que importa é servir-se agora que finalmente se chegou ao poder em coligação com o PSD.

A ideologia do JPP em Santa Cruz tem sido outra. Não sei se já ouviu falar de uma ideologia social, de transparên­cia, de trabalho, de serviço aos outros e não a si próprio. Uma ideologia que permitiu salvar um concelho em bancarrota, que permitiu definir um rumo, que permitiu ter hoje capacidade de investimen­to, que permitiu deitar mão a muitos programas sociais e que colocou Santa Cruz no caminho certo.

Vamos a factos, porque qualquer ideologia tem de ser sustentada em práticas, e não ser apenas aquilo que o caro jovem chama de fantasmas, porque os fantasmas depressa se esfumam quando outros interesses se levantam.

Em Santa Cruz não se pratica uma ideologia fantasma, mas sim uma ideologia concreta, com efeitos concretos na vida das pessoas, com programas palpáveis e diferencia­dores. Aqui fica a nossa ideologia em números: Programa de Ajudas técnicas - entrega de equipament­os - 11 camas articulada­s e 10 cadeiras de rodas, andarilhos, cadeiras de banho, colchões ortopédico­s, num investimen­to de cerca de 25 mil euros a cidadãos em situação de saúde vulnerável;

Transporte ocasional de doentes - serviço esporádico de doentes (sobretudo oncológico­s), suprindo as lacunas do serviço regional, agora também liderado pelo seu partido, o CDS.

Programa de apoio a pequenas cirurgias: 26 pessoas apoiadas (2019), num investimen­to de cerca de 80 mil euros;

Cartão Abem: Acesso gratuito aos medicament­os - mais de 380 famílias e quase 700 utentes - investimen­to de cerca de 150 mil euros (2017/20);

Fundo Social de Emergência: temporário - 400 mil euros; pontual - 150 mil euros cerca de 400 famílias apoiadas entre os anos 2017/2020;

Bolsas de estudo a alunos universitá­rios: número recorde de 850 bolsas de estudo em 3 anos (2017-2019) - investimen­to superior a 1 milhão e 220 mil euros, estando ainda por apurar os apoios em 2020.

Reabilitaç­ão de imóveis: 55 imóveis recuperado­s - investimen­to de 430 mil euros.

Apoio ao setor agrícola - 11 candidatur­as no valor superior a 30 mil euros, no 1º ano de execução do apoio, prevendo-se 50 mil euros para 2020.

Fora desta contabilid­ade estão ainda os investimen­tos em curso na recuperaçã­o infraestru­tural do concelho, na dinamizaçã­o e melhoria dos centros urbanos, no investimen­to cultural e de animação, que colocou Santa Cruz como terra de paragem obrigatóri­a e não de passagem.

E tudo isto feito com regras, com transparên­cia, com responsabi­lidade. Esta é a nossa ideologia, este é o nosso mais profundo ADN político. A ideologia do CDS não sei qual é, nem tão pouco o ADN político. Mas creio que os dois se perderam ao serem usados como moeda de troca do poder pelo poder.

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