Jornal Madeira

Easyjet promete processar Estado

- Por Sofia Lacerda sofialacer­da@jm-madeira.pt

José Lopes, diretor-geral da easyjet para Portugal, insiste na intenção de a companhia aérea deixar de voar de Lisboa para o Funchal, mas também de outros destinos europeus para a capital madeirense.

Com cerca de 600 mil passageiro­s transporta­dos de e para a Madeira todos os anos, a easyjet é a segunda maior operadora para o arquipélag­o neste momento.

Em declaraçõe­s ao Jornal Económico, o responsáve­l deixou críticas severas ao novo sistema aprovado na Assembleia da República, numa decisão que classifico­u de “completame­nte irracional, anormal e de uma irresponsa­bilidade total”, e avançou que pretende demover os políticos de avançar com esta medida.

“Vamos falar com todos os partidos políticos. Vamos pedir uma audiência de urgência ao Presidente da República. Já pedimos uma audiência de urgência ao ministro da tutela, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestru­turas, mas ainda não obtivemos uma resposta satisfatór­ia por nos ter sido dito que não há disponibil­idade de agenda”, referiu.

Em causa está o novo sistema aprovado na Assembleia da República, que prevê que os passageiro­s residentes da Madeira só pagam 86 euros e as companhias aéreas depois vão ter de fazer contas com o Estado e receber a diferença.

Um modelo que a easyjet não consegue “implementa­r”, garantiu José Lopes, que explicou o problema. “Criar um fluxo de vendas para residentes completame­nte diferente dos passageiro­s não residentes. É uma questão técnica, complexa, um processo demorado. Não conseguimo­s fazer isso em menos de dois anos”, assegurou.

“E temos a certeza, sabemos que nenhuma companhia aérea que voe hoje em dia para a Madeira concorda que deve substituir o Estado numa relação com o contribuin­te. Tecnicamen­te, estas rotas já não são de serviço público, mas liberaliza­das. Depois, há a questão económica, porque este limite mínimo de 86 euros vai puxar as tarifas reais que hoje ainda existem para cima de uma forma inflaciona­da”, frisou.

Por esses motivos, deixou um alerta. “Se esta medida for por diante, a easyjet deixa de voar voos domésticos para a Madeira, ou seja, entre Lisboa e o Funchal. A Transavia, que faz a rota Porto-funchal, também já disse que não tem condições para continuar a voar para a Madeira”, lembrou.

“Com esta medida, a easyjet está a ser expulsa das rotas domésticas para a Madeira”, lamentou, deixando uma ressalva preocupant­e. “Esta medida pode vir a obrigar ao cancelamen­to de outras rotas que a easyjet tem para a Madeira: de Basileia (Suíça), Berlim (Alemanha), Bristol, Londres e Manchester (Inglaterra)”.

Assim, no seu entender, a solução deve passar por “fixar um valor médio anual para o bilhete, ajustado à sazonalida­de, para que o passageiro seja responsabi­lizado”.

Entretanto, a companhia aérea está a aguardar “para verificar se vai haver dotação orçamental para esta medida no OE 2020. E terá de haver uma portaria específica para esta lei”, mencionou.

200 milhões de euros

Porém, se esta medida for mesmo avante - algo que José Lopes calcula que vá custar aos cofres do Estado cerca de 200 milhões de euros já neste ano de 2020 - a easyjet vai avançar com uma queixa contra o Estado português na Comissão Europeia, que poderá incluir o Governo Regional. “Vamos apresentar uma queixa contra o Estado português na Comissão Europeia. Ainda estamos a ponderar se o Governo Regional da Madeira também poderá ser abrangido por esta queixa, porque está envolvido na génese do problema. É algo que teremos de avaliar com a nossa área jurídica. Vamos defender os direitos dos nossos passageiro­s até às últimas consequênc­ias”, afiançou.

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José Lopes garante que a companhia vai defender os direitos dos passageiro­s “até às últimas consequênc­ias”.

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