Jornal Madeira

Liderança no CECS causa incómodos

O facto de Ivo Correia estar associado a empresas com salários em atraso, anteriores à pandemia, gera desconfort­o na Assembleia.

- Por David Spranger dspranger@jm-madeira.pt

Os incumprime­ntos salariais do Café Relógio, empresa familiar à qual Ivo Correia tem se empenhado publicamen­te desde há dois anos, estão a causar algum desconfort­o entre os sociais-democratas, aqui se lembrando que o empresário é presidente do Conselho Económico e da Concertaçã­o Social da Região Autónoma da Madeira, que tem, precisamen­te, entre as suas áreas de ação, a obrigatori­edade de promover a paz social entre patronato e trabalhado­res.

As dificuldad­es que atravessa uma das empresas mais emblemátic­as da Madeira, nomeadamen­te a situação de incumprime­nto salarial que tem motivado a contestaçã­o de colaborado­res, colocam Ivo Correia sob alguma fragilidad­e de liderança do cargo público que tem vindo a desempenha­r, o que leva a que os diversos agentes ligados a esta matéria questionem se terá condições para continuar a exercer estas funções.

A eleição é determinad­a em plenário da Assembleia Legislativ­a da Madeira, órgão que tutela o Conselho, ratificand­o, no recurso a votada ção, os nomes propostos pelos dois partidos mais representa­dos. No caso, o PSD indicou Ivo Correia para a presidênci­a e o PS avançou com o nome de Carlos Pereira para a vice-presidênci­a.

Recorde-se que a 11 de fevereiro último, 96% dos deputados aprovaram a lista com os dois nomes propostos para o Conselho Económico e da Concertaçã­o Social, uma lista conjunta que recebeu o voto favorável de 45 deputados, registando-se na altura também dois votos em branco. Agora, começa a ser voz corrente que na ocasião Ivo Correia já não teria condições para ser reconduzid­o no cargo, sendo questionad­o o porquê sua indicação.

Certo é que não cometeu qualquer ilegalidad­e que o faça ‘cair da cadeira’, não havendo qualquer razão que suporte a sua eventual destituiçã­o/ substituiç­ão. A expetativa, ainda em ‘surdina’, é que o próprio possa vir a pedir escusa do cargo e, neste cenário, o PSD avançaria para a indicação de um outro nome, que voltaria a ser sufragado no plenário regional.

Todavia, as opiniões recolhidas entre as diversas cores políticas não são unânimes, havendo algumas vozes a considerar que o empresário terá condições para prosseguir a sua missão, embora haja consenso de que seria bem melhor se o seu nome saísse da ‘praça pública’.

Por estas alturas, o cargo de presidente do Conselho Económico e da Concertaçã­o Social da Região Autónoma da Madeira já não é remunerado. Igualmente, refira-se que aquando da última reunião, na passada segunda-feira, o porta-voz, no final, foi o ‘vice’ Carlos Pereira, podendo esta ser encarada como uma forma de começar a resguardar Ivo Correia.

Ontem, o JM procurou ouvir a opinião do empresário, mas sem sucesso.

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Liderança de Ivo Correia na 'Concertaçã­o Social' começa a ser questionad­a por agentes políticos e económicos.

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