Liderança no CECS causa incómodos
O facto de Ivo Correia estar associado a empresas com salários em atraso, anteriores à pandemia, gera desconforto na Assembleia.
Os incumprimentos salariais do Café Relógio, empresa familiar à qual Ivo Correia tem se empenhado publicamente desde há dois anos, estão a causar algum desconforto entre os sociais-democratas, aqui se lembrando que o empresário é presidente do Conselho Económico e da Concertação Social da Região Autónoma da Madeira, que tem, precisamente, entre as suas áreas de ação, a obrigatoriedade de promover a paz social entre patronato e trabalhadores.
As dificuldades que atravessa uma das empresas mais emblemáticas da Madeira, nomeadamente a situação de incumprimento salarial que tem motivado a contestação de colaboradores, colocam Ivo Correia sob alguma fragilidade de liderança do cargo público que tem vindo a desempenhar, o que leva a que os diversos agentes ligados a esta matéria questionem se terá condições para continuar a exercer estas funções.
A eleição é determinada em plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, órgão que tutela o Conselho, ratificando, no recurso a votada ção, os nomes propostos pelos dois partidos mais representados. No caso, o PSD indicou Ivo Correia para a presidência e o PS avançou com o nome de Carlos Pereira para a vice-presidência.
Recorde-se que a 11 de fevereiro último, 96% dos deputados aprovaram a lista com os dois nomes propostos para o Conselho Económico e da Concertação Social, uma lista conjunta que recebeu o voto favorável de 45 deputados, registando-se na altura também dois votos em branco. Agora, começa a ser voz corrente que na ocasião Ivo Correia já não teria condições para ser reconduzido no cargo, sendo questionado o porquê sua indicação.
Certo é que não cometeu qualquer ilegalidade que o faça ‘cair da cadeira’, não havendo qualquer razão que suporte a sua eventual destituição/ substituição. A expetativa, ainda em ‘surdina’, é que o próprio possa vir a pedir escusa do cargo e, neste cenário, o PSD avançaria para a indicação de um outro nome, que voltaria a ser sufragado no plenário regional.
Todavia, as opiniões recolhidas entre as diversas cores políticas não são unânimes, havendo algumas vozes a considerar que o empresário terá condições para prosseguir a sua missão, embora haja consenso de que seria bem melhor se o seu nome saísse da ‘praça pública’.
Por estas alturas, o cargo de presidente do Conselho Económico e da Concertação Social da Região Autónoma da Madeira já não é remunerado. Igualmente, refira-se que aquando da última reunião, na passada segunda-feira, o porta-voz, no final, foi o ‘vice’ Carlos Pereira, podendo esta ser encarada como uma forma de começar a resguardar Ivo Correia.
Ontem, o JM procurou ouvir a opinião do empresário, mas sem sucesso.