AUSÊNCIA DE PÚBLICO RETIRA ‘ALMA’ AO FUTEBOL
De todas as alterações operadas para o regresso da I Liga, a ausência de público destaca-se pela influência que tem nas equipas que agora regressaram aos relvados.
A porta fechada a espetadores, que implica a ausência de festa e de emoção, acaba por ter impacto no jogo e nas equipas, conforme já reconheceram diversos intervenientes, com ênfase nos treinadores.
Muitos dizem que sem público o futebol faz pouco sentido. O silêncio nas bancadas reflete uma realidade cruel para as equipas, como se de um castigo se tratasse. A ausência de público oferece ainda uma nova realidade, ‘escondida’ há muitos anos: o futebol falado pelos jogadores.
Como se de um treino se tratasse, ouvem-se os jogadores e treinadores. É a realidade do futebol na ‘era covid-19’, que retira da equação o ‘12.º jogador’, responsável muitas vezes por ser o ‘catalisador’ das equipas quando as coisas não estão a correr bem dentro das quatro linhas.
Nestes primeiros encontros da I Liga após a interrupção devido à pandemia, fica provada a influência dos adeptos na atuação das
O futebol sem adeptos não pode existir, eles têm muito impacto. Principalmente nos clubes habituados aos estádios cheios.”
equipas. Por exemplo, no Estádio da Luz, tomado pelo silêncio, o Benfica ‘acusou’ a falta de apoio da sua massa associativa, não conseguindo levar de vencido o Tondela. O FC Porto, por exemplo, também ‘caiu’ em Famalicão, faltando a ‘bengala’ de apoio dos seus adeptos. O empate entre Sporting e Vitória, em Guimarães, num estádio habituado a receber, em média, mais de 15 mil adeptos, é também um exemplo da falta que os adeptos fazem no sentido de ‘desbloquear’ um jogo para um dos ‘pratos’ da balança.
É por isso inegável o contributo e a ‘alma’ que os adeptos dão às equipas. Quando se joga em casa, esse facto é tido como uma vantagem e não é à toa que se diz isso no mundo do futebol. Quando os clubes ‘estão em casa’, estão com a sua ‘família’ ou adeptos, o que acaba, por vezes, por catapultar a equipa no sentido de dar a volta a jogos difíceis. Essa realidade fica bem patente no caso regional, no Marítimo, com o ‘caldeirão’ a ser um reduto temido, devido à preponderância que os adeptos madeirenses têm na manobra da equipa.
Em suma, com a ausência de público, o silêncio atípico e incaracterístico no mundo do futebol tem influência negativa nas equipas, principalmente quando é necessário dar a volta ao encontro.
João Pedro Sousa, treinador do Famalicão
Jogar no Estádio da Luz sem os seus adeptos é quase levar a alma do que representa o Benfica.”
Bruno Lage, treinador do Benfica
Um espetáculo sem público não é a mesma coisa."
Ivo Vieira, treinador do Vitória de Guimarães