“Vacinação terá de ser feita de forma faseada”
A Comissão de Apoio à Vacinação da covid-19, coordenada pelo diretor regional da Saúde, teve ontem a primeira reunião oficial, destinada a estabelecer o plano e estratégia da Região no combate à pandemia.
Ao JM, Herberto Jesus explicou a abordagem a diversos temas, como a tipologia das vacinas, a estratificação dos grupos, entre outros aspetos, bem como questões logísticas e pontos-chave da administração da vacina, nomeadamente a formação de equipas, áreas e espaços, e monitorização e gestão de efeitos adversos. “Uma abordagem mais geral de diferentes aspetos que importa definir já à partida”, disse.
O diretor regional da Saúde sublinhou, no entanto, que a administração das vacinas tem de respeitar o crivo da Agência Europeia de Medicamentos (AEM). No caso da vacina da Pfizer-biontech, Herberto Jesus referiu que “há uma hipótese que ela seja aprovada a 29 de dezembro”, caso a AEM tenha todos os dados. Caso contrário, ressalvou, “o processo pode prolongar-se mais um pouco”. Todavia, a “perspetiva otimista é que a vacinação comece no primeiro trimestre de 2021”, adiantou.
Frisando tratar-se de um processo moroso e complexo, o dirigente explicou que “acima de tudo está a segurança”, e que a vacinação da população terá de ser feita “de forma faseada”.
“Não vamos ser todos vacinados no mesmo dia, isto é uma coisa faseada, que será feita ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade, com a evidência, com uma série de critérios”, apontou, explicando que “a população terá de ser paciente”.
A vacinação, indicou ainda, deverá seguir os mesmos moldes nacionais [ver página 19]. “Primeiro os profissionais e utentes dos lares, e pessoas internadas. Depois os profissionais de saúde, forças de segurança e Proteção Civil, e depois faseada de acordo com as faixas etárias”, disse. No entanto, sabe o JM que não está excluída a possibilidade de serem introduzidos critérios específicos para a Região.
“Em termos gerais, isto é, a perspetiva nacional e a de todos os países da Europa: faseada. Começando pelas populações que estão mais sujeitas ao risco, e depois vamos descendo faseadamente até aos grupos de menor risco”, esclareceu.
“Se conseguirmos, nestes diferentes grupos, ter 60 a 70% da população imunizada, isso dá-nos segurança de que o contágio será quase nulo”, acrescentou.
Assim, numa primeira fase, as vacinas deverão começar por ser administradas nos lares, seguindo-se os profissionais do sistema de saúde e as forças de segurança e agentes da Proteção Civil. Para a população em geral, Herberto Jesus adiantou que a vacina deverá ser administrada nos centros de saúde.
“Parece-nos viável essa situação. Mas também temos de ver que há um tipo de vacina que exige uma logística muito pesada, uma rede de frio, existe uma série de procedimentos que temos de otimizar, e isso está tudo pensado”, afirmou.
Por fim, o diretor regional da Saúde sublinhou a importância de contar com a “colaboração da população”.
“A população tem de ser paciente e não pode descurar as medidas de proteção individual e coletiva”, alertou. “A vacinação vai ser feita de forma faseada, é preciso ter muita paciência e não pensar que a vacina é a solução para tudo. Não pensemos que se for vacinado vou poder deixar de usar máscara. As coisas não são tão lineares quanto isso. A ciência avançou muito rápido, mas temos de ter em mente a segurança da população e é a segurança que nos guia”.