General regressa à ilha com ‘Fogo Cruzado’
O major-general Carlos Perestrelo saiu da Madeira “em silêncio e sem mais comentários”, mas ontem, no regresso à ilha para a apresentação do seu livro ‘Fogo Cruzado’, abriu o coração e falou da mágoa que sente pela exoneração de que foi alvo.
Na primeira fila da sessão, realizada no Savoy Palace, o antigo comandante operacional da Madeira e comandante da Zona Militar da Madeira teve o representante da República, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, o presidente do Governo Regional e o bispo da Diocese, mas outras entidades relevantes marcaram presença. Sobre quem esteve (e fazendo referência aos convidados ausentes que não puderam comparecer), o militar falou de todos como “amigos que independentemente dos lugares que ocupavam souberam demonstrar inequívoca solidariedade”.
No livro com 302 páginas, ilustradas com 80 fotografias, apenas as últimas 25 são dedicadas aos factos relacionados com a sua exoneração. Sobre a capa, composta por uma imagem da ala militar do Palácio de São Lourenço, disparos de pólvora seca e uma foto dele próprio a fazer continência, diz ser esta “a alegoria de uma história desvirtuada que o apanhou num fogo cruzado”.
Manifestamente magoado com o afastamento a que foi sujeito por parte das chefias militares, disse que, durante cinco meses, depois da saída da Região esteve na expectativa de que alguém da hierarquia militar o confortasse e reconhecesse o trabalho que desenvolveu, bem como pelos 40 anos dedicados à instituição militar.
“Não lhe perdoaram...”
Para Alberto João Jardim, autor do prefácio, este livro “é um exercício democrático de um direito à legítima defesa que a Constituição da República dá a todos e a cada um dos portugueses”.
Segundo o antigo presidente do Governo Regional, “Carlos Perestrelo, grande português, homem militar e madeirense adotivo, assumiu a missão institucional das Forças Armadas na Madeira, quer na defesa da Identidade Nacional, quer nos direitos da pessoa humana que fundamenta localmente a existência de uma autonomia política” e por isso “não lhe perdoaram”.