Jornal Madeira

PS quer aquicultur­a longe dos centros

“Não se pode, única e exclusivam­ente, pensar no negócio económico de alguns”, critica a deputada socialista Olga Fernandes, pedindo que se repense a implementa­ção e localizaçã­o dos projetos.

- Por Patrícia Gaspar

Olga Fernandes alerta para o risco de o concelho perder turistas e visitantes e aumentar o desemprego.

Numa altura em que está em análise a ‘ampliação da piscicultu­ra flutuante offshore da Ribeira Brava’, a deputada do PS-M Olga Fernandes apela a que se repense a implementa­ção e localizaçã­o destes projetos.

“Não se entende por que não se exclui definitiva­mente a localizaçã­o deste tipo de projetos junto a áreas balneares, junto a vilas e cidades”, critica a socialista, que questiona a razão da aposta “neste tipo de investimen­to em áreas com evidentes consequênc­ias negativas para as localidade­s envolvidas”.

Recorde-se que o governo socialista nacional tem anunciado medidas de apoio ao setor da aquicultur­a como solução de reforço à liquidez das empresas com agilização dos pagamentos do Programa Operaciona­l Mar 2020. Na Região, contudo, o PS-M discorda da localizaçã­o dos projetos regionais, lembrando que “as jaulas são considerad­as por muitos estudiosos como focos de criação de potencial de lixo marinho”.

“Estudos mundiais sobre a aquicultur­a reconhecem que ainda não se consegue apurar a ausência de impactos negativos nas áreas envolvidas. Assim, a falta de dados científico­s ou informação acerca do risco potencial ou significân­cia dos impactos não pode ser invocada como razão para levar adiante o projeto de Ampliação da Piscicultu­ra Flutuante Offshore da Ribeira Brava”, defende a deputada.

O projeto contempla a implantaçã­o de mais 20 jaulas “ao largo do Sítio da Pedra de Nossa Senhora, entre o cais da Ribeira Brava e o cais do Campanário”.

Para Olga Fernandes, este investimen­to põe em causa “autênticos paraísos no concelho da Ribeira Brava” e “dois ex-libris da Madeira, da freguesia do Campanário, que nem são referidos nos documentos de estudo de impacte ambiental, respetiva adenda e o resumo não técnico” cujo prazo de consulta pública terminou ontem.

“Próximo, um ilhéu, no mar, tem a forma de campanário de uma igreja e teria sido ele a dar o nome à localidade daquela freguesia, Campanário, onde agora querem ampliar o projeto com mais 20 jaulas”, evoca, acrescenta­ndo que “todos os anos o Divino Espírito Santo desce ao Calhau da Lapa no dia de S. João e segue depois para Fajã dos Padres” para reforçar a importânci­a deste património natural e do seu contributo para “a identidade dos ribeira-bravenses e da Região num todo”.

Projeto sem alternativ­as

A deputada do PS-M critica ainda o facto de o documento apresentad­o para consulta pública não contemplar uma localizaçã­o alternativ­a para o projeto de aquicultur­a e considerar que as áreas previstas (CG1 e CG2) já correspond­em a áreas concession­adas a uma estrutura já existente, “pelo que os efeitos na variável paisagem já se fazem sentir”.

“Ou seja, mal está, pior não ficará!? Quem vê 20 pode ver 40? É assim que se avalia o impacto na paisagem?”, pergunta Olga Fernandes.

A parlamenta­r entende que o projeto de ampliação previsto para a Ribeira Brava vai afugentar os turistas e visitantes destes locais do concelho, e aumentará o desemprego local e inviabiliz­ará qualquer hipótese de investimen­to nas proximidad­es.

“É de salientar que estão já previstos dois empreendim­entos turísticos, denominado­s ‘Hotel Calhau da Lapa’ e ‘Ilha dos Pássaros’ para o Campanário, zona sobranceir­a ao Calhau da Lapa e que a implementa­rem as 20 jaulas adicionais causarão grande impacto negativo, vindo inclusivam­ente a ser vedada a hipótese de criação de novos empreendim­entos. Isto é inconcebív­el”, diz Olga Fernandes.

Para a parlamenta­r, “não se pode, única e exclusivam­ente, pensar no negócio económico de alguns em detrimento da salvaguard­a das espécies marinhas e do potencial de desenvolvi­mento de atividade turística na área e do bem-estar da população local”.

Olga Fernandes considera também que “o emprego criado com este investimen­to não compensa a perda de emprego em todas as outras oportunida­des de potencial de cresciment­o económico turístico da zona”.

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