Hotelaria rejeita fechar
A ACIF sugeriu o encerramento da hotelaria para que as empresas possam ter acesso ao lay-off. Porém, a ideia não convence o setor. Diretores de quatro grupos madeirenses revelam ao JM que esse não é o caminho. E apontam alternativas.
Encerrar a hotelaria, a restauração e o comércio de rua não alimentar para que estas empresas possam, perante a falta de clientes, aceder a apoios como o lay-off. A sugestão do presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF) não agrada ao setor hoteleiro, que avança com outras propostas alternativas.
“Não faz sentido para o destino e tornaria a retoma mais difícil, independentemente de estarmos com taxas de ocupação residuais”. Sérgio Costa, diretor-geral do grupo Four Views, defende em alternativa a criação de uma compensação para os hotéis que se mantêm de portas abertas, não obstante a redução drástica do número de turistas.
“Neste momento, existe o apoio à retoma progressiva que pode ir até aos 100%”, lembra Sérgio Costa, admitindo que os hotéis sem clientes podiam beneficiar do lay-off simplificado, mas ressalvando a importância de ajudar quem se mantém em operação.
O hoteleiro alerta para o facto de existirem muitas disparidades nos apoios vigentes e lembra que “muitas das ajudas foram consumidas na primeira fase da pandemia”.
Também para Bruno Freitas, CEO do grupo Savoy Signature, não faz sentido encerrar hotéis para beneficiar do regime de lay-off simplificado.
“O regime de lay-off simplificado devia ser aplicado em função da redução do volume de negócios, como aconteceu no ano passado”, sublinha, lembrando que há empresas com diversas atividades, não fazendo sentido o fecho total.
No caso de um hotel com restaurante, exemplifica Bruno Freitas, devia existir a opção de aplicar o lay-off ao restaurante, mantendo-se o hotel aberto.
Apesar das quebras na faturação, os hotéis que se mantêm em atividade são um ativo para o turismo regional, acrescenta o CEO do grupo Savoy Signature.
No que diz respeito à hotelaria, também Paulo Prada discorda da sugestão da ACIF. O administrador do Grupo Pestana entende que esta medida iria pôr em causa o funcionamento das unidades hoteleiras e prejudicar o destino Madeira.
“É preciso ter em conta que alguns hotéis têm alguma ocupação, apesar de baixa, relativamente a operações contratualizadas. Por outro lado, quem vem à Madeira precisa de ter hotéis abertos, nomeadamente quem viaja em negócios ou, por exemplo, as equipas que participam nas competições de futebol profissional”, alerta.
Em alternativa à sugestão da ACIF, Paulo Prada acredita que seria mais viável estender o lay-off às empresas que estão fechadas por falta de clientes ou que operam com horários reduzidos.