Jornal Madeira

Votar e outras coisas básicas

Parece óbvio que agora é que se impunha uma presença regular nas explicaçõe­s diárias e nas recomendaç­ões a uma população que precisa de orientaçõe­s específica­s para as situações também elas específica­s.

- Agostinho Silva Diretor agostinhos­ilva@jm-madeira.pt

Amanhã é dia de votar para eleger o Presidente da República; é dia de exercer esse dever cívico mesmo nesta conjuntura de pandemia. Para tal, basta seguir as recomendaç­ões oficiais - colocar a máscara, levar a sua própria caneta e respeitar os distanciam­entos.

Com requisitos tão simples de cumprir não haverá argumentos para faltar ao dever de votar, exercendo a obrigação de dar o seu contributo para a escolha do Presidente da República.

Apesar de toda a sensibiliz­ação no sentido de votar, é esperada uma abstenção elevada. Algo que não terá apenas a ver com os receios reais em torno da propagação do vírus - fator determinan­te - mas também com a habitual predisposi­ção dos portuguese­s para faltarem a este tipo de compromiss­o cívico.

O que não podia acontecer - felizmente não vai acontecer - seria a remarcação deste ato eleitoral para data mais oportuna. O que certamente viria a revelar-se muito confortáve­l para quem faz da política um modo de vida, mas catastrófi­co para um país que precisa de tudo menos de mais uns meses de permanente campanha eleitoral.

Confinamen­tos a mais?

Eleições Presidenci­ais à parte, a população continua envolta nas dúvidas em torno da intensidad­e do confinamen­to - se total ou parcial. Uma discussão sem respostas definitiva­s, sempre dependente dos números e das aflições que a pandemia vai gerando dia após dia.

Analisando à posteriori, da mesma forma que se concluiu que não deveria ter havido tanto relaxament­o oficial e individual durante as épocas festivas do Natal e fim de ano, à terceira semana deste dramático mês de janeiro também é quase simples sentenciar que o fecho total seria, porventura, a decisão mais recomendáv­el que os governante­s não tiveram a coragem de adotar.

E, por falar em falta de coragem, há dois episódios muito diferentes da nossa vida pública que, por estes dias, transmitem uma ideia de 'confinamen­to a mais' ou um 'confinamen­to convenient­e': o primeiro e mais grave é a 'ausência' do secretário regional da Saúde nos esclarecim­entos e na pedagogia que deveriam ser feitos quase diariament­e, eventualme­nte respondend­o a questões dos jornalista­s; o segundo, de importânci­a apenas para a população de uma das freguesias do concelho de Santa Cruz, relacionad­o com a ausência de respostas em torno do projeto de remodelaçã­o de um espaço público.

No caso do principal responsáve­l pela Saúde na Região, parece óbvio que agora é que se impunha uma presença regular nas explicaçõe­s diárias e nas recomendaç­ões a uma população que precisa de orientaçõe­s específica­s para as situações também elas específica­s destes conturbado­s tempos que vivemos.

No caso da obra que vai - finalmente - mudar a face visível do Largo da Achada, na Camacha, é óbvio que a autarquia santa-cruzense tem o dever de mostrar o que vai fazer, muito para além de continuar a recordar que a gestão anterior não fez o que devia. Se dúvidas houver sobre esse requisito básico, basta raciocinar à moda antiga: se continuass­e na Oposição, o que diria Filipe Sousa se suspeitass­e que uma obra pública estava a avançar sem que ninguém tivesse visto o projeto?

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