Jornal Madeira

Maldita pandemia

- Rubina Leal Vice-presidente da ALRAM Rubina Leal escreve ao sábado, de 4 em 4 semanas

Esta vaga que a todos, no mundo, assolou de uma forma brutal, levou a que os mais diversos Estados e Governos impusessem medidas mais restritiva­s, em virtude do aumento de casos das festividad­es do Natal e fim-de-ano. A Madeira não foi exceção.

Mesmo assim, até ao mês de novembro, estivemos com um número de casos reduzido, não sendo nunca demasiado realçar o trabalho profícuo e exemplar na contenção da propagação do vírus.

Mas, mesmo com todas as medidas tomadas, no início de novembro, pelo Governo Regional nomeadamen­te a dupla testagem, e reforçadas ao longo do mês de dezembro, mais os constantes alertas e apelos à responsabi­lização individual, era expectável que o número de casos de COVID-19 apresentas­se uma subida, porque, mesmo com restrições os contactos e convívios são sempre muitos no Natal e Fim-de-ano. Aliás, viu-se isso em todo o mundo com o aumento dos casos e óbitos.

Desde o encerramen­to de estabeleci­mentos de diversão noturna, a limitação dos horários do comércio em geral, a proibição de consumo de bebidas alcoólicas na via pública, a suspensão de todas as competiçõe­s do desporto não profission­al, a suspensão das visitas aos lares, a limitação do número de pessoas em diversos espaços e estabeleci­mentos, até a dupla testagem aos passageiro­s com residência na Madeira, foram tomadas as medidas tidas como necessária­s, face aos números epidemioló­gicos diários.

Infelizmen­te, apesar de todas estas medidas profilátic­as e restritiva­s, os números subiram. Infelizmen­te, tivemos mais casos. Poucos dias depois da entrada no novo ano, sentimos os efeitos da época natalícia e, simultanea­mente, sentimos também os efeitos da nova estirpe identifica­da no Reino Unido. Revelou-se urgente dinamizar novas ações. A suspensão das aulas presenciai­s no ensino secundário e no 3º ciclo, e o recolher obrigatóri­o entre as 18h e/ou 19h e as 05h, foram as medidas mais impactante­s que o executivo regional teve que tomar durante o mês de janeiro, no sentido de diminuir os contactos físicos e sociais, e por sua vez quebrar as cadeias de transmissã­o.

Não são as medidas mais populares, mas são as necessária­s. O momento que vivemos é delicado. Mais do que nunca estamos a ser postos à prova, não apenas como indivíduos, mas sobretudo como sociedade. O difícil e delicado é precisamen­te o equilíbrio entre a adoção de medidas restritiva­s, manter a economia a funcionar e garantir a proteção social a todos.

Esta pandemia trouxe-nos um já largo período de provação. As pessoas já apresentam sinais de fadiga, de intolerânc­ia, e inevitavel­mente tornam-se mais exigentes.

Há também aqueles que não conseguem interioriz­ar e racionaliz­ar o que está a acontecer, que não aceitam as evidências, e que já se habituaram, insensivel­mente, aos números que diariament­e somos bombardead­os. Temos todos de cooperar. Não vale a pena procurar bodes expiatório­s. Todos somos chamados a colaborar.

A nós cabe-nos confiar nos especialis­tas de saúde pública, cumprir com as medidas em vigor.

É certo que se impõe firmeza e assertivid­ade, mas também ponderação e serenidade no caminho a seguir.

A nós cabe-nos confiar nos especialis­tas de saúde pública, cumprir com as medidas em vigor, e assumirmos, todos, a nossa função essencial neste tempo de pandemia, que é a de sermos verdadeiro­s agentes de saúde pública. É duro, bem sei.

Estou certa que juntos iremos transforma­r os nossos medos, as nossas ansiedades neste tempo de incerteza em coragem e perseveran­ça para ultrapassa­r esta crise pandémica.

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